Publicado originalmente no Facebook do autor:
Por Gilberto Maringoni
Desenha-se com clareza uma vitória de Bolsonaro.
É uma tragédia, num país com 225 mil mortos pela irresponsabilidade e conduta criminosa do governo e das Forças Armadas.
Diante da disponibilidade de R$ 3 bilhões para a compra dos deputados do centrão, o que poderia ser feito pelas forças democráticas, pensando-se no mundo real?
De todas as táticas, a purista é a pior.
É cômoda, por não entrar na política em uma disputa que se tornou estratégica para o governo.
A tática purista lembra o PT dos anos 1980, o PT do colégio eleitoral em 1985 e da Constituinte, em 1988.
Malabarismos estéreis para a plateia.
Não intervem no jogo. O que têm a falar é: “Vejam, vivo na lama, mas sou limpinho”.
Rodrigo Maia sai minúsculo dessa refrega, ao querer uma candidatura de direita pura e dura, na qual a esquerda entraria como figurante. Esfacelou-se no meio do caminho. Errou feio.
A derrota de Bolsonaro só poderia ser obtida com uma aliança ampla, que colocasse taticamente juntos a esquerda, a centroesquerda e um pedaço da direita.
O que a situação deste final de noite revela? Que PSDB, DEM e MDB vivem uma crise estrutural. No Congresso, são os maiores derrotados.
Mesmo assim, não há o que comemorar: a vitória de Bolsonaro é uma derrota pesada para a esquerda e para o povo.
Espero que os que atacam as frentes amplas – por coerência – parem de falar em impeachment.
Ele só será obtido com os votos de 2/3 dos deputados. Que não se encontram exatamente na banda canhota do Legislativo.