A palhaçada da torcida (e do time) do São Paulo

Atualizado em 19 de novembro de 2014 às 14:28

 

Não é futebol, é circo
Não é futebol, é circo

Ladies & Gentlemen:

Tenho visto muita coisa bizarra no futebol. Mas o que presenciei hoje, pela tevê, superou quase tudo.

Me refiro a uma torcida que vibrou com a derrota do próprio time: a do São Paulo.

Isto é a negação do espírito esportivo, e pertence à patologia do futebol.

O que me impressiona é que este tipo de coisa ainda aconteça no futebol brasileiro. Por trás de uma torcida que festeja a derrota sempre existe um time que jogou para perder.

Pensei que depois do que o próprio São Paulo e o Palmeiras fizeram alguns anos atrás – se deixaram sodomizar em campo, como bem definiu Boss, para evitar que o Corinthians fosse campeão – este comportamento abjeto tivesse sido erradicado dos gramados brasileiros.

Mas não.

Ladies & Gentlemen: a rainha é destronada, em minha Inglaterra, se alguma coisa desse gênero acontecer.

É um fato de extrema gravidade. Leva as pessoas honestas a descrerem do futebol.

Boss gosta de dizer que sonha com um Brasil “escandinavo”. Quando e se isso se realizar, nada disso será aceitável.

Daqui da Inglaterra, onde neste final de semana meu Man City começou sua arrancada rumo ao título da Premier League, emito uma estrondosa, arrastada vaia ao São Paulo e a cada um de seus torcedores que vibraram com a derrota de seu time.

Não é futebol. É doença.

Sincerely.

Scott

Tradução: Erika Kazumi Nakamura

Aos 53 anos, o jornalista inglês Scott Moore passou toda a sua vida adulta amargurado com o jejum do Manchester City, seu amado time, na Premier League. Para piorar o ressentimento, ele ainda precisou assistir ao rival United conquistando 12 títulos neste período de seca. Revigorado com a vitória dos Blues nesta temporada, depois de 44 anos na fila, Scott voltou a acreditar no futebol e agora traz sua paixão às páginas do Diário.