O erro de atrelar a crise imposta pelo negacionismo de Bolsonaro ao discurso anticorrupção

Atualizado em 30 de junho de 2021 às 13:52
O irresponsável emplacou a cloroquina e complementou promovendo aglomeração

Fábio de Sá e Silva, professor da Universidade de Oklahoma (EUA), alertou para os perigos de lideranças do país atrelarem o caos imposto por Bolsonaro na pandemia ao discurso da anticorrupção. Segundo ele, mais sério que isso é o negacionismo que já levou mais de 500 mil brasileiros a morte pelo coronavírus.

É impressionante a quantidade de pessoas, inclusive muito esclarecidas como Marcelo Freixo, Flávio Dino, Renan Calheiros, Omar Aziz e Randolfe Rodrigues que estão adotando o discurso de que “não era negacionismo, era só corrupção”.

Isso é um udenismo fora de hora e lugar.

Bolsonaro adotou discurso negacionista em 04/2020, no famoso discurso da “gripezinha”.

Ali não tinha nem sinal de vacina no horizonte.

O negacionismo era sim uma política, o que não quer dizer que essa política não tenha coexistido com várias formas de corrupção.

Do tratamento precoce à compra tardia de vacinas, interesses materiais se acoplam a ideologias, mas ideologias importam, sim.

Muita gente morreu por abraçar o negacionismo.

Se expôs desnecessariamente, tomou remédio que não funcionava. E não podemos pagar o preço de ignorar isso!

Que se queira aproveitar o potencial mobilizador do discurso anticorrupção, isso é uma escolha (e, eu diria, política).

Mas reduzir tudo a corrupção elimina oportunidades de aprendizado político e institucional.

Já deveríamos ter aprendido isso.

 

Jose Cassio
JC é jornalista com formação política pela Escola de Governo de São Paulo