
Quatro dias após a divulgação de uma reportagem sobre vacinas vencidas, a Folha de S.Paulo publicou sua retratação.
Reportagem da Folha sobre vacinas vencidas errou ao não deixar claro, em sua primeira versão, que os registros de 26 mil doses aplicadas fora do prazo de validade poderiam decorrer de erros do sistema do Ministério da Saúde.
Assim, o título original publicado no site (“Milhares no Brasil tomaram vacina vencida contra a Covid; veja se você é um deles”) foi alterado para uma formulação mais precisa: “Registros indicam que milhares no Brasil tomaram vacina vencida contra a Covid; veja se você é um deles”. Na edição impressa, o título publicado já contemplava a mudança realizada nas plataformas digitais. (…)
No dia, grande parte da imprensa, incluindo a progressista, reproduziu as informações do tradicional jornal paulistano, o que amplificou os efeitos do alarmismo que a notícia naturalmente continha.
O DCM, alertado médicos e cientistas, não apenas não embarcou na história como buscou opiniões e fez jornalismo para desmenti-la.
Naquele mesmo dia, foi ouvido o epidemiologista da Fiocruz da Amazônia, Jesem Orellana, que deu o mesmo parecer que a Folha ao reconhecer seu equívoco: os dados do OpenDataSus não são confiáveis.
“Jesem não descarta que algumas doses pudessem de fato estar nessa condição, dada a desorganização do governo, principalmente o federal, no trato da pandemia, mas não acredita no número divulgado pela reportagem.
O epidemiologista credita esse número à falta de qualidade dos dados disponíveis no sistema (openDataSus). “Uma coisa é o que acontece na vida real e outra, o que está no sistema”, diz Jesem”
A errata da Folha de S.Paulo leva em consideração a questão do sistema:
“A diferença entre as versões é que, na primeira, estava embutida a suposição de que os dados do DataSUS constituem retrato fiel da realidade, ao passo que, na segunda, não há essa suposição.”
No mesmo dia, diversas prefeituras desmentiram a reportagem, por meio de notas nas quais refutavam ter oferecido vacinas vencidas para suas populações.
O DCM sabe que todos os veículos de comunicação são passíveis de equívocos, mas sabe também que um tema sensível como a saúde merece cuidado redobrado antes de ter publicada qualquer reportagem que pode causar pânico na população.