O que muda com a oficialização da chapa Eduardo Campos e Marina?

Atualizado em 14 de abril de 2014 às 14:51
A dupla
A dupla

 

E então temos Eduardo Campos e Marina, ele candidato a presidente e ela a vice.

Muita gente, incluído eu, suspeitava que afinal Marina seria a cabeça da chapa, dado que ela tem muito mais votos que ele.

Mas Marina não tem legenda, e aparentemente Eduardo Campos não é generoso a ponto de abrir o caminho a alguém que não seja ele mesmo.

A decisão de deixar claras as posições só pode ter sido dele, o real interessado em parecer o solista da dupla.

Pragmaticamente, a decisão deveria ser outra. Marina para a presidência e Campos, se não quisesse ser vice, candidato a senador.

Mas a vaidade e ambição costumam se impor ao pragmatismo na política e na vida em geral.

As chances da dupla Eduardo e Marina se concentram, no momento, em passar Aécio. Não é exatamente uma tarefa difícil.

Aécio representa um PSDB mentalmente envelhecido e desconectado das novas realidades. Num encontro com a plutocracia paulista, ele conseguiu prometer medidas impopulares, algo que não haverá de ajudá-lo na hora dos debates.

Passar Aécio é factível – ou talvez até fácil — para Campos e Marina. Aproximar-se de Dilma é bem mais complicado.

Vice, no Brasil, é pouco, ou nada. Ninguém vota em vice. São escassas as chances de Marina transferir um volume expressivo de seus votos para Eduardo Campos.

A melhor aposta de Eduardo Campos residiria nele mesmo, numa plataforma capaz de empolgar os brasileiros.

Se ele adotasse a retórica – e prática – do Papa Francisco, cresceria rapidamente. Mas não. Ele tem falado platitudes, provavelmente com medo de perder apoio entre financiadores e apoiadores que representam interesses nada parecidos com os defendidos por Francisco.

O deslocamento do PT nos últimos anos para o centro – ou centro esquerda, dependendo do ângulo – abre uma oportunidade à esquerda no mundo político brasileiro.

Mas onde está esta esquerda? Em Eduardo Campos é que não está.

O universo político brasileiro está dividido hoje entre o centro-direita, representado pelo PSDB, e o centro (ou centro-esquerda), com o PT.

Há um vazio na esquerda. É algo realmente esquisito, uma vez que em situações de grande desigualdade social como a que vive o Brasil o eleitorado tende a buscar a esquerda.

Eduardo Campos, pelo menos até aqui, não mostrou nada que sugira que ele vá ocupar o claro vazio que existe na política nacional.