Por que não enchemos mais as ruas? Por Walter Falceta

Atualizado em 3 de maio de 2022 às 7:54
Dirigentes de centrais entregam documento a Lula. Em uma estação da CPTM, fazem panfletagem de convocação para o 1º de Maio (Fotos: Roberto Parizotti)

Por Walter Falceta

Reproduzo aqui comentário que publiquei debaixo da ótima e pertinente provocação da amiga Anna Zappa.

1) Ninguém suporta mais ouvir 26 discursos em série, sobre o óbvio, em pregação berrada para convertidos.

2) Tudo que se grita lá já foi ouvido dez mil vezes antes nos (chatíssimos) vídeos verbalmente mofados que espalhamos pelo zap e por outras redes sociais.

3) A rua virou disputa por número, volume e registro de catraca. E nós estamos perdendo, faz tempo, porque o engenho híbrido de convocação da direita é muito mais eficaz. Mistura a mídia corporativa com os ultra-mega disparadores emprestados pelo NED, IRI e think tanks do Tio Sam.

4) Se estamos perdendo, e isso vem desde 2013, perdemos a libido rueira. Não temos tesão de ser torcida visitante no asfalto.

5) Fundamental: não teremos escala na rua enquanto não constituirmos engenhos semióticos e cibernéticos de convocação e aglutinação nas redes. No caso do PT, a comunicação é tão moderna quanto os anos 1990. Sinto muito, mas é isso. Ainda.

6) Paradoxalmente, a modernidade precisa olhar para trás. Na época do Movimento Estudantil, paramos Fortaleza com uma “missa litúrgica-profana” para amaldiçoar Andreazza e Maluf. Um cortejo “religioso” atravessou a capital do Ceará e levou uma multidão até a sede do BNDEs, onde a polícia e os bombeiros (sim, muita água) nos dispersou. Mas foi divertido.

7) Fechamos a Paulista com a Brigadeiro Luiz Antônio no início dos anos 80, com o anarquista André Picardi carregando uma cruz imensa. Parou a cidade. Impactou. Saiu nos jornais. Engajou gente nova.

8 ) No 16 de Abril de 2016, havia um acampamento à frente do estádio Mané Garrincha. Sim, aquilo foi bom. Houve uma série de manifestações culturais, danças, saraus, acepipes regionais. Mobilizou. Descemos duas vezes a Esplanada liderados por povos indígenas cantando e bailando modas ancestrais de luta. Fomos apeados do poder, mas a fórmula de resistência foi das melhores.

(Texto originalmente publicado no FACEBOOK do autor)

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Victor Dias, 23. Jornalista. Trabalha no DCM desde 2020. Amante de esportes, política, degustação de comidas, musculação, filmes e series. Gosta de viajar e jogar tênis nas horas vagas, além de editar vídeos e participar de campeonatos competitivos de FIFA, desde 2017.