
A história está na Piauí deste mês, numa matéria sobre um grupo que organiza rapapés de empresários e políticos. O general Braga Netto, assessor especial de Bolsonaro (PL) e virtual vice na chapa, está com problemas de dinheiro:
Presidente do PL, o novo partido de Bolsonaro, e ex-aliado de Lula, Valdemar Costa Neto esteve em um dos encontros, em maio. Contou que seu partido dobrou de tamanho após a filiação do presidente e reclamou da falta de recursos para a eleição. Depois disse, sorrindo: “Mas sei que a reunião não é para isso”, referindo-se à arrecadação de moeda sonante para o caixa eleitoral. Costa Neto, que foi condenado e preso por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, lamentou que Bolsonaro não tivesse apontado uma mulher como vice de sua chapa, mas rapidamente recuou da crítica, afirmando que o escolhido, o general Walter Braga Netto, é “um cara especial” e um “homem puro”.
O dirigente do PL contou aos empresários que Braga Netto está preocupado com sua situação financeira, agora que teve que ser exonerado como ministro da Defesa para concorrer na chapa presidencial. A remuneração do militar se resume à aposentadoria vitalícia como general, no valor de 32,7 mil reais, mais o salário de assessor presidencial, de 17 mil reais, que ele poderá manter até julho, quando será obrigado a deixar o governo em definitivo – ficará, então, somente com a aposentadoria. “Ele não tem um tostão”, disparou Costa Neto. “Ele me disse: ‘Valdemar, quando eu sair do governo, não tenho mais salário e tenho problema até de casa’”, contou o cacique do PL antes de explicar aos presentes que o partido o ajudaria. “Depois da eleição a gente vê isso aí.”
Braga Netto ganha 50 mil reais e “não tem um tostão”? O que significa “problema até de casa”?
O blablablá é um escárnio para um país que voltou ao Mapa da Fome em 2018 e, em 2020, registrou 55,2% da população convivendo com a insegurança alimentar, segundo pesquisa da Rede Penssan.
Os brasileiros buscam carcaças para se alimentar, mas Braga Neto está desesperado porque passará a faturar apenas 30 mil mensais quando embarcar na canoa da reeleição do presidente.
Quando Valdemar fala que “depois da eleição a gente vê isso aí”, o que ele quer dizer?
Um dos principais aliados de Bolsonaro do Centrão, Valdemar Costa Neto foi condenado pelo STF a 7 anos e 10 meses em 2012 pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Foi preso em 2013 após a Suprema Corte rejeitar os embargos infringentes.
Mesmo do Centro de Progressão Penitenciária (CPP), onde cumpriu pena antes de receber o perdão do ministro Luís Roberto Barroso em 2016, Costa Neto manteve o controle sobre o partido.
Agora tem um general na mão.