
Foto: Isaac Nobrega/PR
O presidente da caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, acumula em três anos de gestão acusações de assédio sexual e desavenças no comando da instituição. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, ele esperava ser candidato a vaga de vice na chapa de Jair Bolsonaro (PL).
Propagador de “boas notícias” sobre o governo Bolsonaro, Guimarães implementou uma agenda reformista e crítica a gestão petista que, segundo ele, conduziu o banco a negócios duvidosos marcados por corrupção e prejuízos.
Ele tornou-se próximo de Bolsonaro e de sua família ainda antes da eleição, segundo relatos de quem coordenou a campanha à época.
De acordo com o jornal, amigos dizem que, ainda como sócio do banco Plural, última instituição que esteve antes de ingressar no governo, Guimarães agendou conversas com empresários e financistas no Brasil e nos EUA para apresentar Bolsonaro, então candidato à Presidência.
Inicialmente, ele chegou a ser cotado para coordenar a Economia, então sob os cuidados do hoje ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida.
Com a chegada de Paulo Guedes, Guimarães passou a cuidar da Caixa, interessado em transformar a instituição em um banco de ponta e prepará-lo para a abertura de capital. Naquele momento, seu plano era se tornar presidente da instituição, o que deu certo.
Ao centralizar o pagamento dos benefícios do governo durante a pandemia, a Caixa passou a defender Bolsonaro. Esse alinhamento com o presidente, o aproximou ainda mais do mandatário.
Internamente, Guimarães buscava inserir seu estilo de gestão aos servidores. Em um evento do banco no final do ano passado, obrigou executivos a fazerem flexões e dar estrelas durante o Nação Caixa.
O assédio do presidente do banco com os funcionários foi gravado por funcionários e o vídeo, espalhado por integrantes do sindicato dos bancários e publicado pelo portal Metrópoles.
Segundo a Folha, a ideia de Guimarães, conforme dito por assessores do Planalto, era disputar a vaga de vice na chapa com Bolsonaro.
Ainda de acordo com o jornal, as suspeitas de assédio sexual na Caixa começaram em 2019. Funcionários ouvidos sob anonimato dizem que um segurança chegou a ser demitido por ter flagrado Guimarães em “situação imprópria” com uma servidora do banco no estacionamento privativo da Caixa.
No final de 2021, um grupo de funcionárias fez uma série de denúncias para contar sobre os assédios. Elas trabalham ou trabalharam em equipes que tinham contato com o gabinete da presidência da Caixa.
Em depoimentos, as mulheres contaram que foram tocadas nas partes íntimas sem permitirem, sofreram com abordagens inadequadas e receberam convites incompatíveis com as suas profissões.