O golpe foi anunciado para o mundo. Por Luiz Eduardo Soares

Atualizado em 18 de julho de 2022 às 21:09
Entre fetiches por ditadura e vivandeirismo, o que o Direito pode fazer?
Jair Bolsonaro com militar ao fundo
Foto: Pedro Ladeira/Folhapress

Do Facebook de Luiz Eduardo Soares, antropólogo, cientista político, escritor e ex-secretário nacional de Segurança Pública:

O golpe foi anunciado, hoje, oficialmente, e para o mundo. A situação nunca foi tão grave. Nos EUA, Trump anunciou, antecipadamente, que não aceitaria o resultado das eleições (se perdesse).

Bolsonaro acaba de declarar que, se a legislação eleitoral em vigor for mantida, não haverá eleições. Falou na primeira pessoa do plural, se referindo às Forças Armadas.

Essa declaração de guerra ao TSE e à lei, à Constituição, ocorreu dentro do Palácio, com transmissão oficial ao vivo, diante dos embaixadores convocados. Até agora, os presidentes da Câmara e do Supremo, além do PGR, permanecem calados.

Se as instituições estivessem funcionando, Bolsonaro teria de ser deposto e preso. Isso não vai acontecer, o que demonstra que nós já não vivemos sob o Estado democrático de direito.

Se a sociedade estivesse mobilizada e plenamente consciente do que está acontecendo, amanhã haveria greve geral e milhões de pessoas tomariam as ruas de todo o país. Não é o caso, desafortunadamente.

Então, só nos resta mobilizar o que for possível, reunir a oposição e as organizações da sociedade civil. Todas elas. As universidades têm de parar. Quem puder parar, tem de parar. Agora. Nem mais um passo atrás ou o triunfo do golpe, já iminente, será certo e irreversível.