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O bolsonarista que viralizou na web, ao gravar um vídeo humilhando uma faxineira e dizendo que ela não receberia marmita por ser eleitora do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi condenado pela Justiça por compra de cabeças de gado usando cheques sem fundo, recebeu auxílio emergencial na pandemia e deixou de pagar IPTU por quatro anos em Itapeva, interior de São Paulo.
O empresário Cassio Joel Cenali, apoiador de Jair Bolsonaro (PL), gritou o nome do presidente antes de gravar o vídeo, segundo a mulher que recebeu a marmita. Após a repercussão, ele se desculpou em um novo vídeo publicado no domingo (11).
Na gravação, depois de dizer que é da campanha de Bolsonaro, Cenali pergunta em quem a mulher vai votar. Quando ela diz que votará no petista, o homem diz, olhando para a câmera: “Ela é Lula, a partir de hoje não recebe mais marmita. É a última marmita. A senhora peça para o Lula agora”.
“Faz mais de dois anos que eu faço 60 marmitas toda quarta-feira e entrego para morador de rua, inclusive com [sic] essa senhora. Não é isso [fator político] que vai fazer eu parar o trabalho. É um trabalho que eu faço com recurso meu. Não tenho apoio político. Eu só quero a caridade”, justificou ele no vídeo de pedido de desculpas.
Segundo dados do Portal da Transparência do governo federal, Cenali recebeu R$ 5.200 de auxílio emergencial. As parcelas foram pagas entre abril de 2020 e outubro do ano passado.
O cheque sem fundos em nome de outra pessoa foi usado em dezembro de 2016 para comprar 21 cabeças de gado de pasto de uma fazenda em Itapeva, em transação de R$ 33.600. No processo na 1ª Vara Judicial de Itaipava, o empresário alegou que os documentos apresentados pelo autor da cobrança não comprovam a transação.
No entanto, a nota fiscal e a GTA (Guia de Trânsito Animal) estavam no nome dele. Um empregado da fazenda também contestou em depoimento a versão de Cenali, confirmando a entrega do gado.
Cenali já foi condenado em novembro de 2018 por fazer pagamento com juros e correção monetária. O valor não consta no processo. Em maio de 2019, o empresário fez um acordo na Justiça para pagar por outra compra de duas cabeças de gado, pois em outubro de 2013 ele também havia usado dois cheques sem fundo totalizando um valor de R$ 13.300 pela transação. Ele não efetuou o pagamento do acordo e teve os bens bloqueados pela Justiça em novembro de 2019.
Procurado pelo UOL, o advogado Márcio Roberto de Moraes, que representa Cenali, não quis responder sobre os processos. “Ele já postou vídeo pedindo desculpas [à faxineira que teve a marmita negada]. Qual o interesse de revirar a vida dele? Processo, todo mundo tem. Ele só ajuda as pessoas com o dinheiro dele [para a entrega de marmitas]. Você tem que escrever que ele é uma pessoa boa, que teve a infelicidade de fazer uma brincadeira na hora errada”, declarou, encerrando a ligação em seguida.