Jair Bolsonaro postou nas redes sociais uma foto com dois religiosos que carregou consigo para o funeral da rainha Elizabeth II em Londres.

Ele está entre Silas Malafaia e o padre Paulo Antônio de Araújo. Malafaia já é conhecido.
Araújo, mais discreto, é da congregação católica “Servos da Eucaristia”, organização conservadora criada em 1979 na cidade de Ponta Grossa, no Paraná, que tem como origem o santo Pedro Julião Eymard, que nasceu em 1811 na França.
Dinheiro público está sendo investido em dois religiosos para acompanharem o presidente em uma viagem oficial. Percebamos o primeiro problema.
Malafaia na comitiva não surpreende. O pastor que atua no Rio de Janeiro é personagem de destaque nas atividades presidenciais. Defensor ardoroso de todas as “politicas governamentais”, Malafaia tem usado todo o seu capital simbólico no ataque a coisas como “ideologia de gênero”, comunismo, e na defesa da família cristã (a da cabeça dele), civismo delirante e fundamentalismo primário. Não seria novidade na caravana.
Já o padre Paulo Antonio de Araújo nasceu no Paraná e ordenou-se em 1985. Foi influenciado por Olavo de carvalho. Aparece pouco. Trabalha com formação de “quadros” reacionários na igreja, em particular nos seminários e na sua ordem.
Chegou a ter o cargo mais importante da congregação em 2021.
A Igreja Católica tem uma histórica tradição de centralismo. Não se faz qualquer coisa ou o que se quer. Existe hierarquia.
A pergunta é inevitável: como este padre foi parar na comitiva à Inglaterra? Ser mais um padre de extrema-direita não justifica apenas. É preciso saber mais. A CNBB jamais daria autorização para tal coisa.
Possivelmente, a congregação religiosa de Paulo Antônio concedeu-lhe permissão para a viagem.
Para Bolsonaro, é uma forma simbólica de fazer campanha. A foto passa uma nítida mensagem: “o Brasil cristão está com Bolsonaro”. Um padre e um pastor indicam essa suposta “unidade” buscada pelos bolsonaristas.
Em breve saberemos o que está por trás disso. Nada fica escondido nesta quadra histórica de Brasil.