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O empresário Ailson Souto da Trindade disse ao Estadão, em entrevista gravada, que o ex-ministro da educação Milton Ribeiro autorizou que fossem negociados contratos de obras federais de escolas em troca de uma propina de R$ 5 milhões.
O acordo beneficiaria os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura e previa que uma caminhonete levaria o dinheiro escondido em sua roda de Belém (PA) até Goiânia (GO), local da sede da igreja dos pastores.
Trindade não é o primeiro a relatar corrupção por Milton Ribeiro, outras 11 pessoa já haviam relatado corrupção na pasta. Segundo o empresário, essa “troca de favores” seria para “ajudar” a igreja dos pastores. O repasse seria feito em dinheiro vivo.
“Funcionou assim: o ministro fez uma reunião com todos os prefeitos (no prédio do MEC, dia 13 de janeiro de 2021). Depois houve o coquetel, num andar mais acima. Lá, a gente conversou, teve essa conversa com o ministro”, relata o empresário.
“Eu não sabia nem quem era o ministro. Ele se apresentou: ‘Eu sou Milton, o ministro da Educação, e o Gilmar já me passou o que ele propôs para você e eu preciso colocar a tua empresa para ganhar licitações, para facilitar as licitações. Em troca você ajuda a igreja. O pastor Gilmar vai conversar com você em relação a tudo isso’”.
De acordo com Trindade, a propina seria disfarçada por meio de um contrato fictício firmado entre sua empresa e a igreja de Gilmar.
“Eles falaram: ‘existe uma proposta para tu fazer isso (as obras)’. Aí eu disse: ‘que proposta?’. ‘Bom, a gente está precisando reformar umas igrejas e estamos precisando também construir alguns templos, no Maranhão, no Pará, e também outros lugares. Então estamos precisando de R$ 100 milhões para fazer isso’”, contou.
“Aí eu falei: ‘mas o que que eu vou ganhar em troca? Como é que vai acontecer? A igreja vai contratar minha empresa?’ ‘Não, a gente faz um contrato, entendeu? Faz o contrato com a empresa, a igreja contrata a tua empresa e eu consigo articular para tua empresa fazer as obras do governo federal’”, completou o empresário.
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