
Foto: Renato Pizzutto
Marqueteiro da campanha de reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), o publicitário Sérgio Lima, não está na prestação de contas da campanha entregue ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Apesar de viajar com Bolsonaro, reunir-se com os coordenadores do grupo e participar de decisões sobre as propagandas eleitorais, ele disse ao jornal O Globo que está trabalhando sem receber um real sequer.
“Eu não estou me remunerando na campanha. Não estou trabalhando de graça, mas pensando no futuro. No momento, não estou precisando me remunerar, tem gente que precisa mais do que eu”, disse o publicitário.
A legislação exige que os postulantes a cargos eletivos informem à Justiça Eleitoral as contribuições que receberem, sejam financeiras ou por meio de prestações de serviços. Ao ser questionado sobre a possibilidade de o comitê do candidato declarar seu trabalho como uma doação, como exige a lei, ele disse que não havia pensado no assunto: “Isso vou consultar os advogados. Não tinha nem pensado”.
Sérgio Lima faz parte do grupo responsável pela comunicação da campanha, ao lado de Fábio Wajngarten e Duda Lima. Ele atua principalmente nas ações voltadas às redes sociais, sendo o homem de confiança do senador Flávio Bolsonaro, além de manter boas relações com o vereador Carlos Bolsonaro, que comanda um núcleo de produção digital paralelo ao da campanha.
O coordenador-geral da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Política (Abradep), Luiz Fernando Pereira, explicou ao Globo que o trabalho de Lima deveria constar da prestação de contas parcial de Bolsonaro, entregue à Justiça Eleitoral em 13 de setembro. Caso seja gratuito, deve ser declarado como doação, de acordo com ele.
“Não existe um trabalho voluntário de um profissional. Ele estima qual seria o custo desse trabalho, caso fosse contratado”, afirmou.
A professora de direito eleitoral da Universidade Federal do Ceará, Raquel Machado, disse ao jornal que todos os atos de campanha devem ser “espelhados na prestação de contas” e que a situação denota falta de transparência.
Sérgio Lima acompanha o trabalho executado pela agência Magic Beans, contratada pela campanha de Bolsonaro por R$ 4 milhões. Antes do início da corrida eleitoral, a empresa já havia recebido R$ 3 milhões por serviços prestados ao PL. O publicitário diz que coordena as ações da Magic Beans, mas nega que tenha qualquer vínculo com ela.
“Era melhor ter colocado lá um pagamento de R$ 20 mil da Magic Beans. Porque no Brasil é assim, se você tenta fazer uma coisa certa, ficam desconfiados” declarou.