
Foto: Reprodução
A cantora e compositora Gal Costa, uma das maiores vozes do MPB, morreu aos 77 anos na manhã desta quarta-feira (9), após passar por uma cirurgia para retirar um nódulo na fossa nasal direita. A causa da morte ainda é desconhecida, mas a informação foi confirmada pela assessoria de imprensa da artista.
Em setembro, pouco tempo depois de sua apresentação em um festival de música em São Paulo, o Coala, Gal fez a cirurgia. A cantora era uma das atrações do festival Primavera Sound, que aconteceu em São Paulo no último fim de semana, porém, teve sua participação cancelada de última hora.
Maria da Graça Costa Penna Burgos, com o nome artístico Gal Costa, nasceu em Salvador no ano de 1945. Gal sempre foi incentivada pela mãe a seguir carreira na música. Por outro lado, o pai, morto em sua adolescência, foi uma figura ausente em sua vida.
Antes de iniciar sua vida artística, trabalhou como balconista de uma loja de discos na capital baiana, a Roni Discos, uma das principais da cidade.
No início dos anos 1960, foi apresentada a Caetano Veloso, encontro a partir do qual foi criado um vínculo pessoal e artístico que perduraria até sua morte. Gal revolucionou as vozes e os costumes na música brasileira desde que estreou na cena nacional.
Ainda enquanto adolescente, ela se aproximou de outros ícones da MPB. Ao lado de Caetano Veloso, Maria Bethânia e Gilberto Gil, outras grandes vozes brasileiras, Gal deu origem ao grupo Doces Bárbaros, com a finalidade de realizar uma turnê pelo Brasil para comemorar os dez anos de sucesso em suas carreiras individuais. O disco definiu a década de 1970.
Ela participou do álbum Tropicália ou Panis et Circencis, ícone do movimento tropicalista. Em 1971, protagonizou um dos espetáculos mais marcantes da MPB, intitulado Fa-Tal.
Ao longo dos anos 70, a cantora seguiu misturando estilos. Dedicou-se ao swing de Jorge BenJor com “Que pena (Ela já não gosta mais de mim)” e foi pelo rock com Cinema Olympia, mais uma de Caetano. “Meu nome é Gal”, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos, serviu como “carta de apresentação” unindo Jovem Guarda e Tropicália.
Foto: Reprodução/Estadão Conteúdo/Arquivo
Desse momento em diante, a voz da cantora foi se tornando cada vez mais popular por canções como “Modinha para Gabriela”, um dos grandes sucessos de Dorival Caymmi que abriu a novela da Globo inspirada em Jorge Amado, do romance Gabriela, Cravo e Canela, e outros sucessos reunidos no álbum “Água Viva”, de 1978, como “Folhetim”, de Chico Buarque, e “Paula e Bebeto”, de Milton Nascimento e Caetano.
Foi nessa fase em que a cantora começou a fazer parte do “mainstream” das grandes redes e rádios, começando a sair um pouco da imagem de ícone da subversão tropicalista. Por outro lado, a parceria com Caetano nunca esmoreceu, porém, Gal passou a tirar seus hits de compositores correntes diversas como Chico, por exemplo, “A História de Lily Braun” e “Futuros Amantes”, e de Djavan, com “Azul” e “Nuvem Negra”.
Nos anos 2000, a cantora continuou lançando diversos CDs e começou a regravar sucessos de outros cantores, como a faixa “Socorro”, do CD “Bossa Tropical”, que foi gravado originalmente na voz de Cássia Eller. Em 2012, Gal foi eleita como a sétima maior voz da música brasileira pela revista Rolling Stone Brasil.
Em outubro de 2003, Gal Costa se apresentou no Carnegie Hall, famoso espaço de shows em Nova York, durante o evento ‘Autumn Samba: A Tribute to Antonio Carlos Jobim and Stan Getz’.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2022/q/4/Uv9m3IQB6WxCGpY9AV5A/063-2671504sg002-costa.jpg)
Durante sua trajetória, a cantora já foi indicada e recebeu diversos prêmios. Em 2011, venceu o Grammy Latino na categoria Prêmio Grammy Latino à Excelência Musical. Em 2016, foi nomeada a Melhor Cantora Pop/rock/reggae/hip-hop/funk pelo prêmio da Música Brasileira. E nos anos 1969, 1970, 1984, 1985, 1986 recebeu o Troféu Imprensa na categoria Melhor Cantora.
Gal já fez mais de 20 turnês e algumas delas pelo mundo afora. As turnês “Espelho d’água”, “Ela disse-me assim” e “Estratosférica”, teriam continuidade se a cantora não tivesse falecido.
Em 2021, pouco tempos depois das liberações da pandemia da covid-19, Gal esteve em turnê com o show “As várias pontas de uma estrela”, no qual relembrava grandes sucessos dos anos 80 do cancioneiro popular da MPB. “Açaí”, “Nada mais”, “Sorte” e “Lua de mel” são algumas das músicas do repertório.
A turnê foi bem vista pelo público e pela crítica, o espetáculo fez com que a agenda de Gal ficasse agitada após a pandemia. A estreia aconteceu em São Paulo, em outubro do ano passado. Além de rodar o Brasil, Gal entrou na programação de vários festivais e ainda tinha uma turnê na Europa prevista para novembro, mas que também foi cancelada por conta da cirurgia.