Genocídio Yanomami: mais 4 indígenas morrem por desnutrição e malária

Atualizado em 22 de fevereiro de 2023 às 9:25
Caixões com corpos de indígenas Yanomami são levados para o território por aviões da FAB
Foto: Reprodução/Condisi-YY/g1

Na manhã desta segunda (20) mais quatro indígenas Yanomami tiveram a morte confirmada em Boa Vista. Eles foram levados em caixões de volta para a reserva. Os mortos são três mulheres, de 45, 49 e 63 anos, e um adolescente, de 16 anos. As vítimas morreram de malária e desnutrição grave.

As mortes foram confirmadas pelo presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami. Os corpos do adolescente e da mulher de 49 anos foram levados para comunidades na região de Surucucu. As outras duas vítimas foram levadas para Awaris, onde moravam.

Os quatro indígenas estavam no Hospital Geral de Roraima (HGR), onde faziam tratamento, mas não resistiram. A mulher de 45 anos morreu no último sábado (18), enquanto os outros três nesta segunda. As informações são do g1.

As imagens divulgadas pelo Condisi-YY registraram o momento em que os caixões chegaram no território e foram retirados do avião. A malária e a desnutrição grave são as duas maiores ocorrências na crise de saúde Yanomami, agravada pelo avanço de garimpos ilegais. O povo vem sofrendo uma grande crise humanitária.

“Hoje entregamos os corpos para as suas comunidades. Esses pacientes estavam com malária e desnutrição e tinham sido removidos para Boa Vista”, declarou Hekurari à Rede Amazônica.

Caixões sendo tirados do avião por indígenas em Surucucu — Foto: Divulgação/Condisi-YY
Caixões sendo tirados do avião por indígenas em Surucucu
Foto: Reprodução/Condisi-YY/g1

Os corpos deverão passar por um ritual fúnebre tradicional do povo, o chamado Reahu, que dura semanas. O processo fúnebre envolve deixar o corpo do indígena na floresta, para que se decomponha. Em seguida, o funeral segue com a cremação dos ossos e, então, as cinzas são guardadas até serem enterradas, na despedida final.

Desde o dia 16 de janeiro, diversos grupos do Ministério da Saúde (MS) e da Força Aérea Brasileira (FAB) estão atuando no resgate de crianças nas comunidades e enviando para Boa Vista os casos que precisam de internação. Nos mais graves, as crianças são internadas na única unidade de atendimento infantil.

Há um pouco mais de um mês o território Yanomami está em estado de emergência na saúde pública. Os yanomamis estão enfrentando uma crítica crise humanitária causada pelo avanço do garimpo ilegal e pelo descaso do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nos últimos quatro anos. A Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF) ainda investigam indícios de genocídio contra o povo indígena e a omissão de socorro.

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