
Assim como transformou o Exército em uma milícia particular, Bolsonaro fez de um ministro de estado sua “mula” — no jargão do tráfico, a pessoa usada para transportar produtos ilegais por fronteiras policiadas, mediante pagamento ou coação.
As joias avaliadas em R$ 16,5 milhões foram encontradas na mochila de um assessor do ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque, no Aeroporto de Guarulhos, e apreendidas pela Receita Federal em outubro de 2021. A mercadoria era presente do governo da Arábia Saudita para Michelle Bolsonaro.
O Estadão conta que o governo de Jair tentou reaver o conjunto com colar, anel, relógio e um par de brincos em pelo menos quatro ocasiões. Numa delas, quando o almirante — almirante! — Albuquerque representava o país numa agenda de eventos oficiais em Riad, capital daquele país, com reuniões com a realeza saudita.

Albuquerque não detalhou as circunstâncias que envolveram os mimos — se vieram diretamente de alguma autoridade ou em que momento de sua viagem isso ocorreu.
A muamba chegou na bagagem de Marcos André dos Santos Soeiroa, seu assessor. Graças a essa precariedade, a caríssima estátua de um cavalo estava quebrada.
No termo de apreensão, o servidor da Receita deu, como de hábito, a opção de informar que se tratava de brinde oficial, o que resultaria na liberação das joias e elas passariam a compor o patrimônio da União. Mas é claro que era jabá para ser embolsado.
Quis o destino que o aspone de um ministro fosse parado na alfândega e o que veio à tona é mais uma picaretagem da turma. O rebaixamento é geral. O estado foi ocupado por um bando de mulas e milicianos em meio a rachadinhas. Cada enxadada é uma minhoca.