
O papa Francisco classificou como infundadas e ofensivas as insinuações acerca do suposto envolvimento de João Paulo 2º, seu entecessor, no caso de uma jovem desaparecida dentro do Vaticano há 40 anos. As declarações de Francisco ocorreram neste domingo (16).
As acusações são a respeito do caso do desaparecimento de Emanuela Orlandi. A jovem, que na época tinha 15 anos, em junho de 1983, não voltou para casa depois uma aula de música em Roma. O caso nunca foi solucionado e é rodeado de mistérios e teorias da conspiração.
No entanto, Pietro Orlandi, irmão de Emanuela, na última terça-feira (11), após ter se encontrado com o promotor de Justiça do Vaticano, Alessandro Diddi, que em janeiro decidiu reabrir a investigação sobre o desaparecimento após pedidos da família, foi a um programa de televisão na Itália e reproduziu parte de uma gravação do caso. No áudio, um homem não identificado diz que meninas foram levadas ao Vaticano para serem molestadas e que o Papa João Paulo 2º sabia do escândalo.
Segundo Pietro, o homem que gravou o áudio faz parte de um grupo de crime organizado que esteve envolvido no desaparecimento de sua irmã.
“Dizem-me que Wojtyla [sobrenome do papa João Paulo 2º] costumava sair à noite com dois monsenhores poloneses e certamente não era para abençoar casas”, disse o irmão da moça desaparecida.
Os comentários de Pietro causaram mal-estar e foram condenados por autoridades do Vaticano.
Neste domingo (16), o papa Francisco abordou o assunto diante de 20 mil pessoas na Praça de São Pedro, e repudiou as falas de Pietro.
“Certo de que estou interpretando os sentimentos dos fiéis de todo o mundo, expresso um pensamento agradecido à memória de São João Paulo, que nestes dias tem sido objeto de insinuações ofensivas e infundadas”, disse o pontífice.
Desde que foi eleito, em 2013, Francisco vem tomando medidas para tentar erradicar abusos sexuais cometidos por clérigos. Em 2019, emitiu um decreto que tornou obrigatório que bispos e padres informem suspeitas de abusos sexuais e permitiu a qualquer pessoa enviar denúncias ao Vaticano. Caso os bispos não informem os casos de abuso, podem ser considerados corresponsáveis pelo crime que ocultaram.