
Diplomatas brasileiros no exterior realizaram uma operação para impedir que o Brasil fosse alvo de constrangimentos durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL). Embaixadores do alto escalão do Itamaraty evitaram marcar reuniões com líderes estrangeiros durante cúpulas que eventualmente Bolsonaro fosse convidado, em busca de reduzir o risco de crises e vergonhas, segundo a coluna de Jamil Chade, no UOL.
Neste fim de semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai aproveitar a cúpula do G7, em Hiroshima, para se reunir com os líderes da Alemanha, França, Indonésia, FMI, Índia, Austrália, Vietnã e da ONU, além dos anfitriões japoneses.
No caso de Bolsonaro, a ordem interna no Itamaraty era a de “contenção de danos” e evitar fazer esforços para agendar encontros com os estrangeiros, quando houvesse um evento no qual vários líderes estrangeiros estariam no mesmo local. Os diplomatas alegavam internamente que não tiveram respostas em relação aos “pedidos realizados”.
Do lado dos estrangeiros, eram raros os pedidos de encontros com Bolsonaro, além daqueles governos liderados pela extrema-direita.
Já viagens bilaterais eram consideradas mais fáceis de serem controladas com uma agenda detalhada. Mas, quando se tratava de uma cúpula, o medo era de que um sucessão de encontros seria um risco.

O alerta surgiu quando, poucas semanas depois da posse em 2019, Bolsonaro viajou para o Fórum Econômico Mundial, em Davos. Na ocasião, o Itamaraty fez uma programação intensa ao então presidente e conseguiu para Bolsonaro o palco central do evento, em que ele teria 40 minutos para discursar. O brasileiro, porém, falou por apenas seis minutos.
O susto maior ocorreu nas reuniões bilaterais, quando os diplomatas entenderam que a relação de Bolsonaro com os estrangeiros poderia abrir potenciais crises ou, então, afetar a imagem internacional do Brasil.