
Roberto Campos Neto, desde o início, tem enfrentado críticas do presidente Lula, da esquerda em geral e do setor industrial devido às taxas de juros. Agora, desde a noite de quarta-feira, ele perdeu uma parte significativa do apoio irrestrito que sempre recebeu na Faria Lima, após o comunicado emitido após a reunião do Copom. Com informações da coluna de Lauro Jardim, em O Globo.
O problema não foi a decisão do Banco Central de manter a taxa Selic em 13,75% ao ano, algo que já era esperado por todos. No entanto, uma parcela expressiva dos grandes bancos e gestoras avalia que o comunicado emitido após a reunião deveria ter deixado uma abertura para a redução da taxa de juros no dia 2 de agosto, quando o Copom se reunirá novamente.
Um banqueiro de investimentos explica:
— A consequência desse comunicado é fornecer munição àqueles que não toleram a independência do Banco Central. Campos está prejudicando a autonomia da instituição.
Mesmo assim, grande parte desses mesmos banqueiros continua apostando que agosto marcará o início da trajetória de queda da Selic. No entanto, é evidente que isso depende dos sinais apresentados por vários indicadores e da ausência de qualquer perigo de recrudescimento da inflação.
Há a expectativa de que na ata da reunião recente da diretoria do BC, que será publicada na próxima semana, haja uma moderação em relação ao que foi declarado no comunicado. Segundo um banqueiro:
— O BC tem a oportunidade, na ata, de colocar o carro de volta à pista.
Outro banqueiro, que também acredita que a Selic será reduzida na próxima reunião do Copom, lembra que em agosto Gabriel Galípolo, o primeiro diretor indicado pelo governo Lula, já terá tomado posse:
— Vai parecer que foi a chegada dele ao BC que forçou a queda, o que não é correto.