Em delação premiada, o ex-policial militar Élcio Queiroz disse que só soube que o motorista da vereadora Marielle Franco, Anderson Gomes, havia morrido ao chegar em um bar, momentos após o crime, e ver a notícia na televisão.
Ele afirmou que o assassinato de Anderson foi um “efeito colateral da ação” que tinha como objetivo executar apenas Marielle. Élcio ainda contou que escutou a rajada da submetralhadora usada por Lessa e sentiu caírem cápsulas nele.
“Ao terminar a rajada, ele disse: ‘pode ir embora’. Eu perguntei: ‘e a senhora que estava ao lado dela?’. Ele respondeu: ‘fica tranquilo’. Então, eu pensei que não tivesse acontecido nada com a assessora e com o motorista”, disse o delator.
Após os assassinatos, no Centro do Rio, ele e Ronnie Lessa foram de carro e, depois, táxi, até a Barra da Tijuca, na Zona Oeste. Foi no bar “Resenha” que ele tomou conhecimento sobre a outra morte. Élcio, então, perguntou ao garçom do local o que tinha acontecido, uma vez que a chamada na televisão estava sem som.
“Falou que foi um homicídio que teve de uma vereadora, falou por alto (…) Até que falou, morreram duas pessoas no local e tal. Eu falei: ‘que m…'”, afirmou o ex-policial. “Soube que o Anderson tinha morrido.”
Ele ainda ressaltou que, no momento da ação, não foi possível ver se havia mais alguém atingido no carro: “O vidro estava fechado, eu nem vi o rosto dele. Eu parei paralelo e não vi o rosto dele. Eu vi um vidro, não sei se o meu vidro era muito escuro. Pode ser que o disparo tenha atravessado o vidro, mas eu não vi”, disse.
Élcio Queiroz confessou que dirigiu o Cobalt prata usado no ataque e afirmou que Lessa de fato fez os disparos com uma submetralhadora na direção de Marielle. A vereadora e seu motorista foram executados no dia 14 de março de 2018, por volta das 21h30, no Estácio, no Rio de Janeiro.