O que a turma do Calvo do Campari não percebeu é que “Barbie” é pró-homens

Atualizado em 29 de julho de 2023 às 12:53
Rayn Reynolds em “Barbie”

O influencer Thiago Schutz, o Calvo do Campari, está mandando seus seguidores não saírem com mulheres que tenham assistido a “Barbie”.

“Não assisti ao filme e nem vou. Não vou perder duas horas do meu dia para ver”, disse Schutz num vídeo que viralizou. “O que eu faria se fosse você? Se eu não estivesse namorando, eu perguntaria para a mulher que estivesse saindo se ela assistiu o filme da ‘Barbie’; se ela falasse que ‘sim’ de forma empolgada, não sairia mais com ela.”

Ele não é o único. Homens de extrema-direita e confusos com sua sexualidade estão dando chilique com a história de uma boneca.

Barbie é pró-homem, estúpidos.

Muitas das críticas sobre a Barbie ser ‘anti-homens’ encapsulam um mal-entendido comum sobre o patriarcado.

Uma das principais tramas do filme segue o Ken de Ryan Gosling em uma jornada de autodescoberta, em que ele é seduzido pelo patriarcado do mundo real sem perceber que isso também o prejudicará.

No número musical ‘Just Ken’, ele tem um momento de crescimento, em que se desprende dessa masculinidade forçada. Em poucas palavras, Barbie fala com ele sobre como encontrar sua própria identidade.

Há muito simbolismo na jornada de Ken; mostra-nos como os meninos são frequentemente roubados de sua inocência e vulnerabilidade pela sociedade. Observamos Ken passando de um homem gentil e doce (boneco) para um doutrinado pelo patriarcado; ele se obriga a usar certas roupas, beber cerveja e agir como ‘machão’. Ao fazer isso, ele sofre. Felizmente, no final, ele retorna ao seu verdadeiro eu com um renovado senso de aventura.

“Barbie” não é anti-homem, é antipatriarcado. As mulheres raramente têm permissão para desfrutar da cultura de massa juntas. Dizem-nos que nossos interesses são bobos e sem importância, que ninguém quer ouvir histórias de mulheres.

Margot Robbie e America Ferrera têm atuações poderosas, mas é Ryan Gosling quem realmente rouba a cena. Ele foi o Ken perfeito e teve a maioria das falas mais engraçadas do filme (e todos os números musicais). As críticas o elogiaram amplamente, mais do que as atrizes.

Filmes e programas de TV são constantemente misóginos, como The Idol, e ainda assim aplaudidos de pé em cerimônias de prestígio.

Greta Gerwig é, agora, uma das poucas diretoras do sexo feminino no primeiro time de Hollywood. É tão difícil de aceitar isso?Para o Calvo do Campari e amigos que estão dando piti por causa de “Barbie”, a única resposta possível é a seguinte: aceitem que dói menos.