A ação orquestrada do bolsonarismo nas redes. Por Fernando Brito

Atualizado em 8 de julho de 2020 às 20:13

Publicado originalmente no Tijolaço 

Por Fernando Brito

Rede de ataques no Facebook. Foto: Reprodução

A decisão do Facebook de eliminar a rede de 88 páginas – com perfis bolsonaristas, gerida por auxiliares e filhos de Jair Bolsonaro dá um impulso extra ao inquérito das “fake news”, que só pode levar ao que é uma realidade: foi montada uma máquina de ataques e mentiras que funciona como o verdadeiro “partido do presidente”.

Ou será que alguém ainda acredita que este podia ser o PSL ou este esquecido “Aliança pelo Brasil” anunciado a cartuchos de 38?

É a utilização descarada da máquina pública, como relata a Folha:

Facebook e o Instagram identificaram páginas e contas com conteúdo de ataques a adversários políticos feitos por Tércio Arnaud Thomaz, 31, assessor especial da Presidência da República e que faz parte do chamado “gabinete do ódio” ou “gabinete da raiva”. O grupo, tutelado pelo vereador licenciado Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), é responsável por parte da estratégia digital bolsonarista.

Em O Globo, fica-se sabendo que páginas como a “Bolsonaro Opressor 2.0” eram alimentadas por Tércio de dentro do Palácio do Planalto.

Para a empresa [o Facebook] , o conjunto [de páginas] removido agia para enganar sistematicamente o público, sem informar a verdadeira identidade dos administradores, desde as eleições de 2018. Os dados que constam das investigações da plataforma foram analisadas por pesquisadores americanos do Digital ForensicResearchLab (DRFLab), ligado ao Atlantic Council, especializados no combate à desinformação, às fakenews e violação de direitos humanos em ambientes online. Nos domínios do Facebook, a rede em questão atuava através de 14 páginas, 35 contas pessoais e um grupo. No Instagram, onde também houve remoção de conteúdos, foram identificadas 38 contas envolvidas com irregularidades. Juntas, essas engrenagens mobilizavam uma audiência de mais de 2 milhões de pessoas, de acordo com o DRFLab.

A “Matrix” bolsonarista em que mergulharam as redes sociais, pouco a pouco, vai deixando evidente que tudo foi objeto de um cuidadoso planejamento de manipulação da opinião pública.

Isso foi operado por imbecis, mas não foi formulado, certamente, por eles. Houve cabeças e, claro, bolsos que formularam e sustentaram esta conspiração.