A agenda fake de Doria em Paris mostra que ele nunca enganou apenas Alckmin. Por Mauro Donato

Atualizado em 5 de setembro de 2017 às 10:35
“Who the fuck is this guy?”

 

Quem confiou em João Doria, lascou-se. Os moradores do rico bairro do Pacaembu que acreditaram em sua promessa com relação ao futuro do estádio, quebraram a cara.

E isso vale inclusive para Geraldo Alckmin. Nem bem esquentou a cadeira na prefeitura, Doria já saiu em campanha presidencial. Há seis meses que não faz outra coisa, pois mesmo quando está na cidade as ações midiáticas têm essa finalidade exclusiva: exposição.

Agora sem mais esconder o inconformismo pela puxada de tapete de seu afilhado, o governador tem repetido sempre que Doria é “o prefeito que governa pelo Instagram”. Ontem porém, Alckmin foi mais áspero durante um evento que contava com a presença de Doria inclusive. O governador disse que “Novo na política é falar a verdade.”

Foi uma sapatada no prefeito que anda mentindo pelos cotovelos. Fazendo-se de importante, auto-intitulado ‘prefeito global’, afirmou ter tido uma ‘reunião’ com o presidente francês Emmanuel Macron na última sexta-feira em Paris. O jornalista Mathias de Alencastro, da Folha, desmentiu-o.

“O encontro teve valor meramente simbólico. No Palácio do Eliseu, Doria era apenas mais um convidado de uma recepção. Conhecido por se afastar dos que tentam se beneficiar da sua aura, Macron evitou qualquer tentativa de instrumentalização durante a breve confraternização, que as redes sociais do prefeito qualificaram de ‘reunião’.

O Palácio do Eliseu utilizou outros termos para descrever o acontecimento. ‘Ele foi saudado pelo presidente”, segundo Barbara Frugier, do serviço de comunicação do Eliseu’, escreveu Alencastro. Resumindo, um ‘oi’ não é uma reunião, certo?

Mas o prefeito, que de tantas camadas de maquiagem sobre a verdade já é mais conhecido como ‘prefake’, fez pior. Se exagerou na ‘reunião’ com Macron, com o primeiro-ministro então, Édouard Philippe, mentiu descaradamente. Édouard Philippe nem em Paris estava. Doria anunciou que teria um ‘almoço reservado’ com o primeiro-ministro, confirmou na noite da véspera aos jornalistas. Na agenda do francês isso nunca existiu.

João Doria sempre almejou o Planalto. Geraldo Alckmin não é mais uma criança, certamente sabia disso. Porém a sanha de seu pupilo está sendo inflada pelos adversários do tucano de Pindamonhangaba, que acenam com a candidatura que Doria tanto sonha.

Está saindo caro para Alckmin o empenho que fez para conseguir votos contra Michel Temer na denúncia feita por Janot. Dos 12 deputados da bancada do PSDB, 11 seguiram o conselho do governador paulista. Agora a Tropa de Temer está indo à forra. DEM e PMDB estão em aberta campanha para desqualificar Alckmin como candidato. Sobretudo se o concorrente for Lula.

O clima azedou de vez. Mas segundo o blog do Lauro Jardim, Doria e Alckmin farão uma aparição pública para demonstrarem que está tudo bem. Ideia certamente brotada na cabeça de Doria, pelo caráter midiático e fictício. Pretendem ir ao cinema, acompanhados das respectivas esposas. Deixo aos leitores as sugestões para o filme em cartaz.