“A Agrishow não chamou socorro e não me ligou”, diz eletricista que perdeu a mão

Atualizado em 7 de maio de 2022 às 14:08
Eletricista que perdeu a mão
Eletricista João Luciano Martins Penha
Foto: Reprodução/UOL

O eletricista João Luciano Martins Penha, de 49 anos, precisou amputar a mão esquerda ao receber uma descarga elétrica de 13.200 volts enquanto participava da montagem da 27ª Agrishow 2022, a maior feira de tecnologia agrícola do Brasil, em Ribeirão Preto, a 315 km de São Paulo.

Em entrevista ao UOL, ele diz que a organização do evento não chamou socorro e não ligou para saber se ele está vivo. “A Agrishow não chamou socorro e até hoje não me ligou”. O eletricista conta ainda que no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, onde esteve internado durante 56 dias, profissionais da saúde disseram que de cem pessoas que passam por isso, só uma sobrevive, “eu renasci”.

João ganhou na Justiça o direito a uma prótese e agora pede uma indenização que pode superar R$ 3 milhões. Após o acidente, o Ministério Publico do Trabalho (MPT) inspecionou a feira e recorreu à Justiça do Trabalho, que interditou a desmontagem das instalações da Agrishow na última quarta-feira (4). O evento, que teve a participação de Jair Bolsonaro (PL) na abertura, movimentou R$ 11,2 bilhões entre os dias 26 e 29 de abril.

O eletricista trabalha na feira desde 1997, quando a empresa onde trabalha, a José Mario Muniz de Faria M, foi contratada pela BTS, organizadora da Agrishow. Ao UOL, a BTS lamentou “o acidente isolado” e disse que o “operário foi imediatamente socorrido, levado a um hospital onde recebeu a assistência necessária”.

Ao contrário do que diz a organizadora do evento, João afirma que o atendimento demorou a chegar. “Não tinha ambulância na feira. Quem pediu ajuda foi o rapaz da fibra ótica, não foi nem a Agrishow.” Ele diz que o acidente aconteceu às 14h56, o socorro apareceu às 15h36 e a entrada no hospital foi às 16h. Além da mão, o eletricista quase perdeu a perna e ainda não consegue andar.

Segundo o UOL, o advogado de João, Leonardo Moura Santana pede na Justiça uma indenização por dano moral no valor de R$ 1 milhão, dano material, R$ 1,4 milhão, e dano estético, R$ 1 milhão, em um processo que pode levar até cinco anos na Justiça se as empresas processadas recorrerem, prevê.

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