A Al Qaeda, dois anos depois da morte de bin Laden

Atualizado em 3 de maio de 2013 às 12:30

O grupo, embora enfraquecido, continua na ativa.

Dois anos depois da morte de bin Aladen, a Al Qaeda ainda está viva e atuante
Dois anos depois da morte de bin Aladen, a Al Qaeda ainda está viva e atuante

 

O texto abaixo foi publicado na versão em português do site alemão DW.

A morte de Osama Bin Laden, em 2 de maio de 2011, foi o maior êxito dos Estados Unidos na batalha contra a organização responsável pelo maior atentado terrorista da história.

O golpe não acabou com a Al Qaeda, mas teve impacto em sua forma de operar. Hoje, dois anos depois, o grupo sobrevive mais como uma base político-ideológica para radicais – com uma estrutura menos centralizada e, segundo especialistas, mais presente em ações no mundo islâmico do que no Ocidente.

Uma série de grupos radicais diz atuar em nome da Al Qaeda no mundo árabe, tanto na Península Arábica quanto no Norte da África. Eles defendem, no entanto, seus próprios interesses. Acredita-se que a base da organização criada por Bin Laden esteja no Afeganistão e no Paquistão, mas seu núcleo perdeu força consideravelmente.

Estima-se que apenas entre 300 e 400 pessoas formem atualmente o centro ideológico da Al Qaeda, enquanto facções de fora do núcleo da organização estariam, segundo especialistas, tornando-se mais fortes. O grupo ainda tem uma liderança central, exercida pelo egípcio Ayman al-Zawahiri, porém sem o carisma suficiente para se sobrepor às facções.

“Zawahiri sempre foi uma figura controversa entre vários não egípcios dentro da organização”, diz Guido Steinberg, especialista em islamismo do Instituto Alemão de Relações Internacionais e de Segurança.

O egípcio, no entanto, consegue se manter como comandante supremo da organização. Líderes de diferentes braços do grupo terrorista estão ligados por juramento a ele, que se sustenta também com base num círculo estreito de aliados de longa data, como explica o jornalista Yassin Musharbash, especialista em Al Qaeda.

Ayman al-Zawahiri, o sucessor de bin Laden, não tem o carisma do chefe morto
Ayman al-Zawahiri, o sucessor de bin Laden, não tem o carisma do chefe morto

“Eles apresentam a imagem da Al Qaeda para o mundo por meio de vídeos e discursos”, diz Musharbash. “E isso estabelece sua direção ideológica.”

Segundo ele, fora da sede no Paquistão há também grupos oficiais da Al Qaeda e movimentos ligados à organização em outros países. “Há outras filiais no Iraque, no Norte da África e na Península Arábica”, afirma. “A milícia Al Shabab, que se subordina à Al Qaeda, é muito ativa na Somália. Mas não é a mesma coisa que a próprio Al Qaeda.”

O grupo agora liderado por Zawahiri é particularmente bem representado na Argélia, no Mali e na Líbia. A atividade terrorista tem crescido no Iraque, onde se acredita que existam aproximadamente mil seguidores da Al Qaeda.

Da mesma maneira, grupos islamistas reforçaram sua posição entre os rebeldes na Síria, afirma Musharbash. “Na Síria há a Frente al-Nusra, provavelmente o grupo jihadista mais importante do momento”, diz ele. A Frente al-Nusra pretende instalar um miniemirado e atacar Israel. “O grupo declarou sua intenção diversas vezes publicamente”, lembra Musharbash.

Recentemente, foi desbaratado um plano de atentado contra um trem de passageiros no Canadá. As autoridades locais ligaram os dois suspeitos a facções da Al Qaeda no Irã. Especialistas, no entanto, duvidam da existência de uma presença considerável do grupo no Irã.

Todas as ramificações da Al Qaeda decidem sua estratégia de maneira independente. Ao mesmo tempo, muitas das ações são planejadas na sede da organização. Em 2010, quase todos os líderes da Al Qaeda, com nomes e posição, apareciam em um vídeo distribuído na época.

Eles diziam: ‘Você não precisa mais vir ao Paquistão, não precisa se juntar à organização. Você pode procurar em seu próprio país e ver como você pode organizar atividades terroristas por aí mesmo’.

Há apenas estimativas vagas sobre o total de apoiadores da Al Qaeda pelo mundo. Musharbash calcula que o número deve estar próximo de cinco mil pessoas: “Não deve haver mais de dez mil pessoas no mundo que se autodeclaram membros da Al Qaeda.”

Está próximo o fim da da Al Qaeda?

“Ninguém deve subestimar a Al Qaeda”, afirma Mushabarash. “Em situações decisivas, a organização sempre encontra maneiras de se reinventar. E, neste momento, estamos vendo isso acontecer novamente