A arma nova com a qual Nadal matou Djokovic

Atualizado em 9 de junho de 2014 às 11:54
Tenista e enxadrista
Tenista e enxadrista

Ladies & Gentlemen

Contra prognósticos de meio mundo, incluído o meu, Nadal bateu Djokovic na final de Roland Garros, ontem.

Alguns especialistas já se perguntam se nove títulos em Roland Garros não é o maior feito da história.

Mas a mim foi outra coisa que chamou a atenção: a demonstração de inteligência excepcional de Nadal.

Nas últimas partidas contra Djokovic ele foi dominado pela esquerda de duas mãos do oponente. Djokovic respondia facilidade a uma arma que costuma matar os adversários de Nadal: o balão na esquerda, cheio de efeito.

Djokovic, ao longo dos tempos, encontrou a resposta perfeita para isso. Pega a bola antes que ela ganhe altura e ataca Nadal com cruzadas que o levam quase às arquibancadas, tão anguladas são.

Nadal trouxe uma arma nova. A direita reta – nada alta – na direita de Nadal.

Com ela, fez 27 winners, um número excepcional para um jogador que habitualmente vive mais do erro por exaustão do adversário.

Djokovic pareceu tão incomodado com isso que errou bolas fáceis, fatais afinal para o destino do jogo. E estava tão cansado de correr atrás dos tiros surpreendentes de Nadal que num certo momento vomitou num intervalo entre os pontos.

Ontem, o tênis pareceu um xadrez.

A tática perfeita de Djokovic para bater Nadal – 4 vitórias nos últimos 4 jogos – foi tornada obsoleta por um novo golpe do espanhol.

Com certeza Djokovic já está pensando, neste momento, em como neutralizar a direita reta de Nadal.

Conseguirá? É possível, porque, tecnicamente, é um jogador superior a Nadal, hoje.

Mas levou ontem o que vocês, brasileiros, chamam de “nó tático”. (Nota da traduta: “tactical knot”.)

Estou ansioso por ver o próximo encontro entre os dois. Quero ver se a resposta que Djokovic achou para a nova arma do rival vai funcionar.

Nadal mostrou ontem que não é apenas um dos melhores tenistas da história. É também um dos mais inteligentes também.

Sincerely.

Scott

Tradução Erika Kazumi Nakamura

Aos 53 anos, o jornalista inglês Scott Moore passou toda a sua vida adulta amargurado com o jejum do Manchester City, seu amado time, na Premier League. Para piorar o ressentimento, ele ainda precisou assistir ao rival United conquistando 12 títulos neste período de seca. Revigorado com a vitória dos Blues nesta temporada, depois de 44 anos na fila, Scott voltou a acreditar no futebol e agora traz sua paixão às páginas do Diário.