A arrogância e o afã patológico de Moro em prender Lula criaram uma situação de consequências imprevisíveis. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 6 de abril de 2018 às 15:09
Lula no Sindicato dos Metalúrgicos

A arrogância de Sergio Moro fez com que ele cometesse um descuido proporcional a seu ego em seu pedido de prisão de Lula.

Não me refiro ao absurdo de declarar que “hipotéticos embargos de declaração de embargos de declaração constituem apenas uma patologia protelatória que deveria ser eliminada do mundo jurídico”.

O magistrado preferiu ser falsamente magnânimo. 

Concedo-lhe, escreveu no despacho, “em atenção à dignidade cargo que ocupou, a oportunidade de apresentar-se voluntariamente à Polícia Federal em Curitiba até as 17:00 do dia 06/04/2018”.

Moro abriu a chance para o protagonismo ficar com o réu que transformou em arqui inimigo.

Lula tomou a decisão correta ao não se entregar em Curitiba e a escolha do bunker é plena de um óbvio simbolismo.

À mídia só resta acompanhar suas decisões. A GloboNews está há 24 horas em surto.

Moro certamente está roendo as unhas de suas mãozinhas enquanto dá voltas em torno da mesa do escritório.

A PF descartou, por ora, invadir o prédio. Quer evitar o confronto. Uma solução será negociada, cedo ou tarde.

Não foi Lula quem provocou essa situação, mas seu verdugo, ao atropelar a Justiça para ter seu trofeu. 

Demorou 19 míseros minutos para emitir a ordem de encarceramento após receber o ofício do TRF 4. Repito: dezenove.

Pegou de surpresa o próprio presidente daquela corte, Thompson Flores.

Em entrevista na manhã daquela quinta, Thompson falou que a defesa de Lula recorreria com os “embargos dos embargos” até o dia 10.

A partir de então, seriam aproximadamente trinta dias até a resposta, depois da qual seria executada a pena.

Como de hábito, Moro tentou atropelar Lula e acertou a Justiça e a Democracia. 

A novela que surgiu a partir desse abuso, de consequências ainda imprevistas, é obra sua.