A arte da enganação: Carlinhos Brown se junta ao “amigo especial” Doria. Triste Bahia. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 15 de janeiro de 2020 às 9:26

“Recebi a visita do grande artista brasileiro Carlinhos Brown, amigo especial por quem tenho profunda admiração. Falamos sobre projetos na área da cultura do Estado de São Paulo. Em breve, novidades”.

A frase é de João Doria, ele mesmo, o primeiro e único.

O que Brown foi vender ao presidenciável tucano é um mistério, mas o pote de ouro no final do túnel é óbvio.

Mangueiras novas para jogar água em mendigos enquanto rola um axé?

Dinheiro faz o mundo girar, especialmente o do Carlinhos.

Sem nenhum talento especial — não canta bem, não toca bem, não escreve bem, não se expressa bem –, Brown é uma espécie de gênio do marketing.

É jurado do programa de calouros “The Voice”, da Globo, em que dá suas cacetadas sem sentido, mas com muito barulho e pirotecnia.

Na última edição, atribuiu a linda “Balada do Louco”, dos Mutantes, parceria de Arnaldo Baptista e Rita Lee, aos Secos & Molhados.

Nunca se corrigiu porque quem se importa com isso, talquei? Arnaldo Baptista reclamou, mas quem é Arnaldo diante do Brown?

Enganador, especialista em auto promoção, ele sabe se juntar a gente melhor que ele — não necessariamente no bom sentido.

Foi assim com Marisa Monte e Arnaldo Antunes nos Tribalistas.

Não é diferente com Doria. Carlinhos está enxergando ali uma oportunidade de faturar com alguém que engana num nível ainda maior que o dele.

Para CB, os Racionais são “sectários”.

O caminho é se unir à escumalha da direita porque dali vai sair uma geleia geral sensacional. Perfeito.

É um chute na cara do Brasil progressista numa encruzilhada da nossa História, mas desde quando isso importa para o maravilhoso Brown?

Triste Bahia, triste país, pobre Chico Buarque.