A ausência de pesquisas revela o que a imprensa tenta esconder. Por Paulo Nogueira

Atualizado em 5 de junho de 2016 às 12:13
Onde este tipo de coisa foi parar?
Onde este tipo de coisa foi parar?

Domingo era o dia do macarrão na casa da mãe e das pesquisas Datafolha e Ibope. O macarrão permanece, mas e as pesquisas, cadê elas?

Aprendemos mais uma coisa na campanha sangrenta da mídia contra Dilma. Você encomenda e dá pesquisas quando elas são convenientes. E as suprime quando elas são inconvenientes.

Lembremos George Orwell, o jornalista e escritor britânico autor de clássicos como 1984 e Fazenda dos Animais: “A imprensa é propriedade de homens ricos dedicados a tratar de forma desonesta assuntos de seu interesse.”

Isso na Inglaterra de Orwell. Imagine no Brasil dos Marinhos, Civitas, Frias e Mesquitas.

A ausência barulhenta de pesquisas mostra, no entanto, o que os barões da imprensa e seus fâmulos nas redações tentam esconder: a opinião pública vê o golpe como golpe. Rejeita Temer e seu ministério de corruptos. E passou a ver Dilma sob outro ângulo: o de vítima de uma conspiração de homens desonrados interessados na manutenção de suas mamatas e na impunidade de suas roubalheiras ancestrais.

Não fosse isso, você pode ter certeza: estaríamos engolindo pesquisas sobre pesquisas em favor do golpe e de Temer, e contra Dilma.

Meia dúzia de telefonemas trocados entre os donos das companhias jornalísticas resolvem qualquer questão. Mais ou menos assim:

“Otávio?”

“Hmm.”

“Aqui João. Minhas pesquisas estão uma desgraça. E as suas?”

“Também.”

“Melhor não dar. Certo?”

“Perfeito.”

“Otávio?”

“Hmm.”

“Não tô gostando do Jânio.”

“Dos meus progressistas cuido eu, João.”

Levantamentos desfavoráveis a Temer virtualmente matariam o golpe. Senadores que votaram pelo sim pensariam duas, três vezes antes de repetir a escolha na votação definitiva para não se queimarem perante o eleitorado.
O impeachment se deu na falácia, criada pela imprensa, de que a população toda clamava pela saída de Dilma.

Os fatos logo mostraram que não é assim. Golpistas são esculachados em toda parte, e Dilma virou uma superstar, aplaudida onde quer que apareça.

Outra ilusão forjada pela mídia girou sobre o “combate à corrupção”. Mas Temer e equipe imediatamente deixaram claro, até para midiotas, que a real corrupção reside nos golpistas.

É dentro destas circunstâncias que você deve entender a ausência de pesquisas. Elas certamente contariam o que a imprensa não quer que a sociedade saiba.