A bala era de borracha, diz a PM de Minas. Por Moisés Mendes

Atualizado em 12 de maio de 2022 às 15:00

Publicado no Blog do Moisés Mendes

Um policial militar gritou, deu ordens e apontou uma carabina para militantes do MST que faziam uma manifestação pró-Lula nesta quarta-feira em Juiz de Fora. É uma notícia que saiu nos cantinhos dos jornais.

O que vai acontecer com o policial? Será retirado das ruas, acomodado numa cadeira estofada em serviço burocrático, investigado, julgado e absolvido e depois voltará às ruas.

Na média, é o que acontece. Os PMs do Brasil todo estão se sentindo parte da polícia de Bolsonaro. Foi assim em outros países, como no Chile e na Bolívia, sob ditadura e sob democracia capenga.

Policiais militares são os primeiros a reagir à inspiração e às ordens de governos governos autoritários. Porque são eles os que exercem a tarefa da ação ostensiva e da imposição pela violência.

Há detalhes importantes nesse fato de Minas. O policial se posicionou diante de manifestantes de direita, como se esses merecessem proteção e os militantes do MST fossem os agressores.

Sempre foi assim. É regra, em situações semelhantes, que os grupos de direita e extrema direita sejam protegidos, como se a reação normal das PMs fosse a de oferecer arma e escudo a essa gente.

O outro detalhe também é assustador. A PM de Minas disse em nota que o policial usava uma carabina municiada com bala de borracha.

Como se a ameaça não fosse assim tão grave. Balas de borracha já cegaram muita gente no Brasil em episódios históricos e recentes.

No Chile, o uso desse tipo de bala está proibido desde o final de 2019, depois que mais de 400 jovens perderam pelo menos um dos olhos.

Foram atingidos por tiros disparados pelos Carabineiros, a polícia nacional fardada deles, uma PM federal violenta e incontrolável que também atua ostensivamente.

No Brasil, usam armas com balas de borracha como quem usa bodoques. E chegam a confessar, como se fosse consolo, que o pior seria se a arma fosse com bala de chumbo.