A boiada de Arthur Lira. Por Fernando Brito

Atualizado em 4 de agosto de 2021 às 10:05
Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara. Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Publicado originalmente no Tijolaço:

Por Fernando Brito

Estamos nós, aqui, devidamente empenhados em evitar que a crise provocada por Jair Bolsonaro e suas ameaças de cancelar as eleições e, enquanto isso, o esperto e autoritário Arthur Lira vai passando a boiada em questões vitais para o Brasil.

Tudo, agora, anda a toque de caixa na Câmara: reforma tributária, reforma eleitoral, PEC dos Precatórios (“pedalando” para os próximos governos as dívidas que este deveria honrar) e uma infinidade de atropelos de fazer corar um frade.

Quase sem registro, passou ontem o PL da Grilagem, como ficou conhecida a autorização legal para a regularização da posse de terras da União, sem qualquer exigência de vistoria da ocupação privada pelo Incra, para até 6 módulos fiscais. O que quer dizer, nas áreas do Norte e Centro-Oeste, onde está a maioria delas, regularizar no grito áreas de até 700 hectares, algo impensável que se justifique como concesssão ao pequeno lavrador.

E se promete, ainda para esta semana, a votação da privatização dos Correios.

Hoje, na posse de Ciro Nogueira, veremos o enxame que se formará, nos moldes destas liquidações de supermercado, com parlamentares disputando quase a tapas as bancas do “saldão” do governo Bolsonaro.

Na ocasião, Bolsonaro cobrará o preço de ouvirem suas ameaças à democracia e de ameaçar os parlamentares do Centrão a que obedeçam ao que ele diz ser “a vontade do povo”.

À qual, esperta e criminosamente, responderão com um silêncio que se ocula na “legitimidade da discussão”, quando sabem que a convers é outra, a da continuidade forçada no poder do atual presidente.

E, claro, apelos à concórdia com quem brande uma faca.