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A bordo da pirotecnia jurídica de Cármen Lúcia, o STF reafirma o seu acovardamento. Por Carlos Fernandes

Cármen Lúcia

O Supremo Tribunal Federal conseguiu subir mais um degrau na vacilante escada da desmoralização institucional que, de vontade própria, decidiu escalar.

Ao declarar de próprio punho que não possui poderes supremos para combater e inibir a vasta enciclopédia de crimes cometidos por uma casta especialíssima de nossa sociedade, o “Supremo” do STF, a depender de quem comete o ilícito, passa a ser um “Relativo”.

Numa pirotecnia jurídica que visava desmentir a si próprio quando da decisão unânime que finalmente afastou o já imprestável Eduardo Cunha, os eminentes juízes de nossa Suprema Corte resolveram que agora o jogo já é outro.

Segundo o egrégio colegiado, a lei é para todos, desde que nesse todo não esteja a privilegiada classe política cuja submissão e sabujice já nem disfarçam mais.

Pelo mais novo entendimento, os excelentíssimos deputados e senadores já podem acumular as prerrogativas institucionais de criar e aplicar a lei quando a si próprio disserem respeito.

São, agora oficialmente falando, juízes de suas próprias causas.

Como que de encomenda, a decisão por 6 x 5 a favor da decrepitude do poder judiciário cai como uma luva para o recordista em ações penais na Lava Jato, o afastado e noturnamente recolhido senador Aécio Neves.

Ao ter o seu afastamento a ser julgado nos próximos dias, é batata que o mesmo plenário que afastou um Presidente da Câmara dos Deputados, se veja agora na obrigação de devolver a atividade parlamentar que eles mesmos subtraíram a um senador.

São – alguém poderia dizer – as incongruências de um judiciário que ao invés de arbitrar, comunga.

No frigir dos ovos, poucas vezes se viu na história democrática do mundo moderno, um poder afirmar e reafirmar com tanta eloquência a sua covardia, inépcia e despreparo para lidar com os desafios para os quais constitucionalmente foi criado.

No mais, o PT, que logo avexou-se a sair em defesa de Aécio Neves, já pode também solidarizar-se com Eduardo Cunha, afinal, não será sem razão se ele considerar-se vítima de uma histriônica injustiça praticada pela nossa mais alta Corte.

Que dias vivemos.

Carlos Fernandes

Economista com MBA na PUC-Rio, Carlos Fernandes trabalha na direção geral de uma das maiores instituições financeiras da América Latina

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Carlos Fernandes

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