A carta de Maduro a Trump para evitar uma guerra entre Venezuela e EUA

Atualizado em 20 de setembro de 2025 às 23:00
Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, e Donald Trump, dos EUA. Foto: reprodução

Em uma carta enviada ao governo de Donald Trump, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, propôs abrir um canal de conversação direta com os Estados Unidos. A correspondência foi enviada após um ataque realizado pelos EUA a um bote venezuelano, no qual 11 pessoas foram mortas, sob a alegação de que estavam envolvidas com o tráfico de drogas.

No texto, Maduro rejeitou as acusações feitas pelo governo estadunidense de que a Venezuela tem desempenhado um papel crucial no narcotráfico, afirmando que apenas 5% das drogas produzidas na Colômbia são enviadas através do país.

“Presidente, espero que juntos possamos derrotar as falsidades que têm manchado nosso relacionamento, que deve ser histórico e pacífico”, escreveu Maduro em sua carta. A mensagem foi enviada ao presidente dos EUA no dia 6 de setembro, pouco após o ataque aos navios e à crescente tensão entre os dois países.

Na carta, Maduro também reforçou que o governo venezuelano destruiu 70% das drogas que passavam pelo país, destacando os esforços de combate ao tráfico de substâncias ilícitas.

Ele sugeriu que a criação de um canal direto de comunicação, especialmente com o enviado especial dos EUA, Richard Grenell, ajudaria a esclarecer as questões, separando as “notícias falsas” e o “ruído da mídia” de uma conversa franca entre os governos.

Maduro se referiu também à relação com Grenell, lembrando que ele ajudou a resolver questões anteriores envolvendo migrantes venezuelanos, com voos de deportação realizados de maneira regular entre os dois países. A carta de Maduro reflete uma tentativa de estabilizar a comunicação entre Venezuela e EUA, mesmo em um cenário de acusações e ataques mútuos.

Retaliações de Trump

O ataque aos navios venezuelanos é apenas uma parte do cenário mais amplo de tensões entre os dois países. O governo de Trump, que acusa Maduro de ser um líder ilegítimo e de ter laços com cartéis de drogas, intensificou sua pressão sobre o regime de Caracas.

Durante a semana, Trump fez novas ameaças ao governo venezuelano, afirmando que a Venezuela deveria aceitar o retorno de prisioneiros, ou então pagar um “preço incalculável”. Essa postura reforçou a ideia de uma escalada do conflito, com os EUA mantendo uma forte presença militar no Caribe.

Trump também anunciou outro ataque a um barco venezuelano, que supostamente transportava “narcoterroristas”. A ação foi justificada com base em informações do governo estadunidense, mas não foram apresentadas provas conclusivas.

Maduro, por sua vez, refutou essas alegações e afirmou que a movimentação militar dos EUA é uma “agressão de caráter militar” contra a Venezuela. Ele declarou que o país tem respaldo das “leis internacionais” para reagir a tais ações.

O presidente venezuelano acusou o governo dos EUA de usar desinformação como justificativa para uma possível escalada de conflito armado. “Este é o exemplo mais flagrante de desinformação contra nossa nação, com a intenção de justificar uma escalada para o conflito armado que infligiria danos catastróficos em todo o continente”, afirmou o presidente venezuelano.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.