A censura às universidades busca produzir, na melhor das hipóteses, medo e, na pior, um cadáver. Um novo Cancelier.
O repúdio é necessário. A solidariedade a estudantes e professores é fundamental.
Nos últimos dias, ao menos 35 instituições foram alvos de operações da Justiça Eleitoral para fiscalizar suposta prática de propaganda.
Houve ações em eventos com temas como fascismo, democracia e ditadura na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e na da Grande Dourados, no Mato Grosso do Sul.
A faixa com os dizeres “Direito UFF Antifascista” teve de ser retirada da escola de direito da UFF, em Niterói.
Na Paraíba, ocorreu uma inspeção do TRE em aulas da Universidade Federal de Campina Grande e apreensão de material.
É um ataque frontal à liberdade de expressão e à autonomia universitária.
Noves fora o fato de que ele Jair Bolsonaro veste definitivamente a carapuça de fascista ao buscar reprimir. Um aperitivo do que pode vir.
O Ministério Público Federal se posicionou de maneira firme, declarando que medidas para impedir a livre manifestação são incompatíveis com o regime constitucional.
“É lamentável que, em uma disputa tão marcada pela violência física e simbólica, pelo engano e pela falsificação de fatos, o ataque do sistema de justiça se dirija exatamente para o campo das ideias”, diz a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão.
‘Polícia só deve entrar em universidade se for para estudar’, apontou o ministro do STF Luís Roberto Barroso.
Para seu colega Marco Aurélio Mello, a interferência é “incabível”. A reação é tardia? Pode ser. Mas antes tarde que mais tarde.
Na sexta, dia 26, um corpo foi encontrado dentro de um carro com marcas de tiro na Faculdade de Direito da UFRJ. A vítima estava no banco do carona.
Uma postagem do centro acadêmico registrava a presença do Sendero branco durante uma aula pública.
O homem não era ligado à faculdade — mas não é esse o ponto. O recado dos bandidos é que pode vir a ser.
A polícia está apurando o caso, mas é evidente que não vai dar em nada.
O bolsonarismo saiu do armário e seus capangas estão agindo à luz do dia.
Em nome de Luiz Carlos Cancelier e dos alunos e mestres brasileiros, é hora de resistir.
Em nome de nós e de nossos filhos, o pensamento livre e a democracia vão prevalecer.