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A cidade mais gorda dos Estados Unidos

Quase 40% da população de Evansville é, tecnicamente, obesa.

Evansville, Indiana

 

Evansville, Indiana, Estados Unidos. Um pouco menos de 120 000 habitantes, e sem nada de extraordinário que a retirasse da obscuridade tediosa de cidadezinha.

Até que uma pesquisa do Gallup revelou o seguinte: Evansville é a cidade mais gorda dos Estados Unidos. Quase 40% da população é, tecnicamente, obesa.

Então, pelas razões erradas, Evansville virou manchete.

O prefeito – com um peso bom – iniciou um programa para inspirar os cidadãos a fazer exercícios. O marco zero foi um vídeo chamado, numa tradução livre, “Some, Galinha Gorda, Some”. As imagens, infelizmente, provocam mais vontade de rir do que de fazer exercícios.

Veja abaixo e diga se estou errado.

 

Os Estados Unidos enfrentam uma dramática epidemia de obesidade. Em dez anos, segundo estatísticas confiáveis, 100 milhões de americanos serão obesos.

É uma questão de saúde pública. A obesidade facilita um sem número de doenças, de diabete a desacertos cardíacos etc. Isso tudo se traduz num custo infernal para os cofres públicos.

As autoridades americanas estão dando mostras de uma formidável confusão no combate à obesidade.

O prefeito de Nova York, Mike Bloomberg, por exemplo. Bloomberg está se empenhando por retirar do mercado americano garrafas gigantes de refrigerantes, num gesto controverso.

Adeptos da “liberdade de ação”, aspas, criticaram asperamente Bloomberg. Você consome o que quer foi, essencialmente, o argumento. É um problema seu e apenas seu. Mas e quando você depara com um surto de obesidade que afeta o interesse público? O que prevalece?

O mesmo vale para as armas. Aceitemos que comprar um revólver é decisão sua. Ponto. Mas e quando as pessoas começam a usar o revólver comprado no mercado da esquina para matar gente no cinema ou numa igreja?

Bloomberg é, ele próprio, o símbolo da confusão.

Pouco depois de declarar guerra aos refrigerantes, ele apareceu na televisão para celebrar o Dia Nacional dos Donuts. Um grande fabricante distribuiu ao público 7 500 donuts, num total de 2,2 milhões de calorias.

Refrigerante não pode, donut pode?

O âncora de um conhecido programa de tevê, o Today, fez exatamente essa pergunta a Bloomberg numa entrevista que deixou o prefeito com um ar que mistura hipocrisia com ridículo.

Prefeito por prefeito, o da pequena Evansville parece ao menos ter mais clareza na intenção de retirar sua cidade da condição de campeã do peso.

Paulo Nogueira

O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

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