A “cláusula de sucesso” de Marcelo Odebrecht na Lava Jato expõe a farsa da delação. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 4 de março de 2018 às 18:39

O acordo de delação premiada de Marcelo Odebrecht tem “cláusula de sucesso” que permite redução de pena, conta Lauro Jardim em sua coluna.

Isso explica o fato de a Lava Jato ter autorizado que ele receba, na prisão domiciliar, uma lista de visitantes que eram considerados seu núcleo duro de atuação.

Eles podem fazer a roda de Marcelo girar.

A turma que pode ver o chefe é formada por Alexandrino Alencar, Benedicto Jr, o ex-presidente da Braskem Carlos Fadiga, o ex-presidente da Odebrecht Ambiental Fernando Reis, o ex-presidente da Odebrecht Engenharia Márcio Faria, o ex-presidente da construtora para a África Ernesto Sá Vieira Baiardi, o ex-presidente da construtora para a América Latina Luiz Mameri e, por fim, Euzenando Prazeres de Azevedo, ex-presidente da construtora para Estados Unidos.

Não é por acaso que os e-mails recentemente apresentados por Marcelo sejam endereçados a esses interlocutores.

As mensagens podem ser verdadeiras, mas não é difícil pegar trechos de conversas, até mesmos as institucionais e republicanas, e descontextualizá-las.

Eles estão combinados com Marcelo.

Nesses encontros, também devem ter descoberto sobre a tal “cláusula de sucesso”, também conhecida como “taxa de eficiência” — e vão querer a sua boquinha.

Em fevereiro, o doleiro Alberto Youssef falou num depoimento que desistiu de receber 1/50 avos do patrimônio recuperado pela força-tarefa no Brasil e no exterior.

Se a Lava Jato recuperasse 2 bilhões de reais, por exemplo, ele meteria a mão em R$ 40 milhões.

Se o sujeito entregar o que quer o Ministério Público, ele ganha seu presentinho. O nome que os procuradores querem começa com lu e termina com la.

Como é possível levar a sério uma operação policial “anticorrupção” montada nesse tipo de esquema com bandidos?