Cardozo acertou ou errou ao dar entrevista à Veja?

Atualizado em 11 de fevereiro de 2015 às 8:34
Bom trabalho do ministro
Bom trabalho

O ministro José Eduardo Cardozo foi a duas tocas de leões levar sua visão das coisas: a Veja, em sua tevê comandada pela folclórica Joice Hasselman, a Sherezade loira, e o Globo.

Nas redes sociais, muitos petistas criticaram duramente Cardozo, especialmente por ter falado com uma revista que chama costumeiramente o PT de bandido.

Entendo as coisas assim: a pancadaria contra Cardozo deriva da emoção.

Porque, do ponto de vista objetivo, ele cumpriu exemplarmente sua missão de expor um outro ponto de vista a um público intoxicado por um noticiário absolutamente tendencioso.

Se um leitor da Veja, um único leitor, conseguiu refletir sobre o que ouviu, terá valido a pena o ministro passar uma hora com Joice.

Em geral, quem faz isso são figuras como Villa, Augusto Nunes e Ricardo Setti – que se empenham em deixar o leitor da Veja num estado sinistro de brutalidade mental.

Em alguns pontos, Cardozo se saiu especialmente bem. (Aqui, o vídeo.)

Quando Joice falou no caso Petrobras como “o maior escândalo de corrupção da história”, ele inteligentemente contrapôs que antes tudo era engavetado.

Você não tem sequer parâmetro para comparações, portanto.

Um ex-funcionário disse que começou a recolher propinas na era FHC. Qual era a escala dos desvios? Ninguém sabe porque nada foi investigado.

Num outro vazamento, um delator disse que um ex-presidente do PSDB, Sérgio Guerra, já morto, recebeu 10 milhões de reais para minar uma CPI no Congresso.

Outro momento bom de Cardozo foi quando disse que, no entendimento do PT, o Mensalão foi um caso de caixa 2 e não de compra de apoio no Congresso.

A intenção de Joice Hasselman era atirar lama no PT. Mas Cardozo, sempre polidamente, acabou comandando a entrevista.

Defendeu com classe e firmeza, também, sua chefe, Dilma.

E didaticamente contou que cabe a Lula o mérito de criar as bases que permitiram à Polícia Federal agir em escala maciça em operações anticorrupção.

Suspeito que as duas entrevistas dadas por Cardozo a publicações tão antipetistas fazem parte do que seria a “batalha da comunicação” supostamente pedida por Dilma a seus ministros.

Ele está apanhando de muitos antipetistas nas redes sociais.

Mas fez um bom trabalho.