A conexão Cunha-Temer no caso da mala de dinheiro entregue ao assessor especial José Yunes. Por Fernando Brito

Atualizado em 22 de dezembro de 2016 às 8:21
Yunes e Temer
Yunes e Temer

Publicado no Tijolaço.

 

O Estadão expõe hoje, com mais um destes “lamentáveis vazamentos” – como os classificam os responsáveis pelo sigilo dos documentos, Rodrigo Janot e Teori Zavascki – a ligação financeira entre Eduardo Cunha e Michel Temer, ao informar que o doleiro Lúcio Funaro, “mala” de Eduardo Cunha, entregou R$ 1 milhão, em dinheiro, ao amigo íntimo e assessor palaciano José Yunes – autodefinido como “psicoterapeuta político”, em seu escritório, após a reunião entre o então vice-presidente e Marcelo Odebrecht.

Dos R$ 10 milhões que saíram de “petisco” deste encontro, R$ 6 milhões foram para o candidato inventado por Temer ao governo paulista, Paulo Pato Skaf, e quatro ficaram  “em casa”, com outro íntimo de Temer, Eliseu Padilha.

Dos R$ 10 milhões, R$ 6 milhões foram para campanha de Paulo Skaf e R$ 4 milhões para o ministro Eliseu Padilha distribuir, a quem cabia fazer a partilha.

Diz o Estadão:

Eliseu Padilha foi quem pediu que Lúcio Funaro fizesse a entrega de R$ 1 milhão a Yunes. O ex-assessor, que esperava receber o dinheiro de um desconhecido, foi surpreendido com o lobista no seu escritório em São Paulo.

Portanto, o “operador” de Cunha operava também para Michel Temer e é por isso que Cunha, preso em Curitiba, guarda um arsenal mortífero contra o Palácio do Planalto, como já mostrou nas suas pergunta vetadas por Sérgio Moro.

Quanto, quando e como Cunha irá falar, a esta altura, são as angústias e pesadelos das noites do Alvorada.

Como o senhor Michel Temer é um latinista (verba volant…), vai na foto um verso de Virgílio, poeta romano da antiguidade, em suas Bucólicasmala vicini pecoris contagia laedent – uma má ovelha  põe um rebanho a perder.

Embora o pessoal que não saiba latim, como eu, vá traduzir, com algum acerto,  mala vicini como “mala do vizinho”.