Publicado no Tijolaço.
O Estadão expõe hoje, com mais um destes “lamentáveis vazamentos” – como os classificam os responsáveis pelo sigilo dos documentos, Rodrigo Janot e Teori Zavascki – a ligação financeira entre Eduardo Cunha e Michel Temer, ao informar que o doleiro Lúcio Funaro, “mala” de Eduardo Cunha, entregou R$ 1 milhão, em dinheiro, ao amigo íntimo e assessor palaciano José Yunes – autodefinido como “psicoterapeuta político”, em seu escritório, após a reunião entre o então vice-presidente e Marcelo Odebrecht.
Dos R$ 10 milhões que saíram de “petisco” deste encontro, R$ 6 milhões foram para o candidato inventado por Temer ao governo paulista, Paulo Pato Skaf, e quatro ficaram “em casa”, com outro íntimo de Temer, Eliseu Padilha.
Dos R$ 10 milhões, R$ 6 milhões foram para campanha de Paulo Skaf e R$ 4 milhões para o ministro Eliseu Padilha distribuir, a quem cabia fazer a partilha.
Diz o Estadão:
Eliseu Padilha foi quem pediu que Lúcio Funaro fizesse a entrega de R$ 1 milhão a Yunes. O ex-assessor, que esperava receber o dinheiro de um desconhecido, foi surpreendido com o lobista no seu escritório em São Paulo.
Portanto, o “operador” de Cunha operava também para Michel Temer e é por isso que Cunha, preso em Curitiba, guarda um arsenal mortífero contra o Palácio do Planalto, como já mostrou nas suas pergunta vetadas por Sérgio Moro.
Quanto, quando e como Cunha irá falar, a esta altura, são as angústias e pesadelos das noites do Alvorada.
Como o senhor Michel Temer é um latinista (verba volant…), vai na foto um verso de Virgílio, poeta romano da antiguidade, em suas Bucólicas: mala vicini pecoris contagia laedent – uma má ovelha põe um rebanho a perder.
Embora o pessoal que não saiba latim, como eu, vá traduzir, com algum acerto, mala vicini como “mala do vizinho”.