A conta de Paulo Guedes não fecha: Qual é o truque? Por Fernando Brito

Atualizado em 11 de agosto de 2020 às 8:48
Paulo Guedes — Foto: Alan Santos/PR

PUBLICADO NO TIJOLAÇO

POR FERNANDO BRITO

Fábio Pupo, Bernardo Caram e Thiago Resende, na Folha de hoje, dão números à obviedade que este blog tem insistido em apontar: as contas da suposta reforma tributária que Paulo Guedes anuncia ao país não fecham. E não é por centavos, mas por uma diferença imensa. E, é claro, não têm nelas nenhum centavos para o misterioso “Renda Brasil” com que Bolsonaro pretende tornar-se o herói dos pobres.

A tal desoneração das folhas de pagamento, seja para o salário mínimo, seja na versão de abatimento linear de 25% para todas as faixas salariais vai tirar cerca de R$ 100 bilhões da arrecadação, basicamente, da Previdência Social. Dinheiro do trabalhador que vai direto para o patrão, na forma de custos menores. E, segundo mostram as experiências recentes de nosso país, sem impacto positivo expressivo sobre o emprego.

Como a nova CPMF daria uma receita de R$ 120 bilhões – a conferir, porque com o “lobo guará” muitas transações vão acabar sendo feitas em dinheiro vivo, no modelo “família Bolsonaro” – e mais R$ 20 bilhões seriam perdidos com a elevação do piso do Imposto de Renda para R$ 3 mil, a soma é zero.

Além disso, claro, o custo das transações iria passando de conta em conta e terminaria no bolso do consumidor.

Donde se conclui que não há um ceitil para o tal “Renda Brasil”, que provavelmente será só uma repartição, se conseguirem fazer passar, dos recursos já colocados no Bolsa Família, no abono salarial e em outros pequenos programas sociais.

Então é assim: ao povo o que já é do povo, ao empresário um pouco do que era do trabalhador.