A coragem da gigante Klara Castanho X a pequenez de Fontenelle. Por Nathalí

Atualizado em 26 de junho de 2022 às 12:39
Klara Castanho revelou que foi violentada

A nova geração de meninas – que dentro em breve se tornarão grandes mulheres – é o que tem me dado esperanças de um país melhor em um futuro não tão distante. “Vejo uma trilha clara pro meu Brasil apesar da dor.”

Essa dor, que é de todas nós, é a dor de ser mulher (ou menina) num país como o Brasil.

O relato de Klara Castanho é pra quem tem estômago.

A atriz revelou esta semana ter entregue um filho, fruto de um estupro, para adoção, classificando este ato como “de supremo cuidado.”

Além da coragem de expor o seu trauma e a sua verdade, o relato de Klara traz luz a um assunto que precisa ser pauta prioritária entre os progressistas, mas jamais o foi: o aborto.

Esse relato, entretanto, não foi espontâneo.

Antonia Fontenelle, mais uma vez descendo muito, mas muito baixo pra conseguir aparecer, não respeitou sequer uma adolescente em uma situação tão traumática.

Sem citar nomes, mas com aquela malícia que só os fofoqueiros têm de fazerem com que todos saibam de quem se está falando, mesmo que isso não seja de fato explícito, expôs o caso reagindo a uma entrevista de Léo Dias, obrigando a atriz a se explicar ao público depois de tudo que viveu.

Aqui na Bahia chamamos essa gente de alma sebosa.

Uma adolescente que sofreu violência sexual, violência médica e psicológica, merecia, no mínimo, um pouco de respeito. Mas como esperar respeito e consideração de uma bolson4rista cujo único objetivo é estar sob holofotes?

Klara soube que estava grávida apenas a poucos dias do parto – o terror de toda mulher – e não havia mais tempo para tentar um aborto legal e ouvir de uma juíza “você aguenta mais um pouquinho?”

Mas deu tempo de ir ao médico e ouvir outros absurdos:

“E mesmo assim esse profissional me obrigou a ouvir o coração do bebê e disse que 50% do DNA era meu, por isso eu era obrigada a amá-la.”

O aborto legal, no Brasil, só existe na letra da lei, porque realizá-lo é um verdadeiro inferno. Uma equipe de psicólogos, médicos e assistentes sociais “conversam” com vítimas de estupro para convencê-las a parir.

Não é só o debate sobre aborto que precisa estar no centro de nossas pautas. É o debate sobre quem tem assumido os cargos de médicos, quem tem ocupado o judiciário, quem tem tentado, na cara dura, retirar direitos adquiridos das mulheres e meninas.

Enquanto a burguesia – e apenas ela – ocupar esses espaços, jamais teremos humanização na classe médica ou justiça no poder judiciário, e outras Klaras precisarão ainda ser muito fortes.

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