A coragem de Dinah, a mulher que encarou uma multidão de fascistas na Paulista com uma camiseta de Marielle

Atualizado em 27 de maio de 2019 às 16:30

A democracia brasileira deve muito a gente como Dinah Caixeta.

Ela encarou sozinha uma multidão de fascistas na Avenida Paulista com uma camiseta em homenagem a Marielle Franco.

Contou ao Uol que estava saindo do trabalho quando viu um homem segurando uma placa com a rosto de Sergio Moro e o confrontou sobre o caso Queiroz.

“Aí ele se inflamou e foi chegando gente”, disse.

O sujeito notou que se tratava de uma “comunista” infiltrada entre cidadãos de bem.

Seus amigos a cercaram e ela teve de ser escoltada pela PM antes de ser linchada.

As imagens são eloquentes e Dinah é um testemunho de que nem tudo está perdido.

Ela segue adiante, ladeada pelos soldados, de cabeça erguida, enquanto um bando de histéricos berra impropérios: “Vagabunda!”, “Vai pra Cuba!” etc.

No filme “Invasores de Corpos”, clássico B que faz uma crítica do macartismo, alienígenas tomam o corpo dos seres humanos, transformados num exército acéfalo e agressivo.

É assustador ver aquela quantidade de doentes e o quanto eles se auto iludem em sua insanidade.

Dinah, mentalmente sã, estava fazendo uma pergunta absolutamente pertinente ao sujeito.

O que não é normal é rezar o Pai Nosso para Olavo de Carvalho. Isso aconteceu.

Ou transformar a herética “Hallelujah”, de Leonard Cohen, em hino evangélico e cantar com um “tenor” paraguaio aboletado no carro do dono dos Revoltados Online, que admitiu que cheirava cocaína nas micaretas golpistas.

“Se você senta a uma mesa com dez nazistas e não fala nada, então são onze nazistas”, reza um ditado alemão.

Obrigado, Dinah, por nos lembrar de que é preciso estar atentos e fortes e não temos tempo de temer a morte.