A decisão do TSE aproxima Lula, ou seu indicado, do Palácio do Planalto. Por Carlos Fernandes

Atualizado em 30 de maio de 2018 às 10:21
Lula. Foto: Instituto Lula/Flickr/Divulgação

Dizem que alguém esperto pode se passar por idiota, mas o contrário, porém, costuma ser bem mais difícil.

O deputado federal Marcos Rogério (DEM-RO) descobriu na prática essa máxima.

O ilustre parlamentar, deveras afeito a exercícios antidemocráticos, resolveu testar os limites do partidarismo galopante de nosso judiciário.

Testemunha da situação periclitante em que se encontra os candidatos pertencentes ao consórcio que financiou o golpe de 2016, o rapaz não esperou sequer a campanha começar oficialmente para lançar mão de seus “métodos”.

Numa tentativa marota de antecipar um debate jurídico que, por lei, só pode acontecer após efetuado os registros oficiais das candidaturas à presidência da República, o aspirante a esperto visava defenestrar de vez a participação do ex-presidente nas eleições de outubro.

Deu conjunturalmente com os burros n’água.

O plenário do TSE rejeitou por unanimidade na noite dessa terça (29) analisar sua consulta.

Segundo o relator, ministro Napoleão Nunes Maia Filho, a tentativa continha “elementos manifestamente capazes de induzir sua eventual resposta a casos concretos”. O que é vedado nesse momento.

O tiro, assim, saiu pela culatra.

Trocando em miúdos, a decisão do TSE, na prática, garantiu a todos que o PT poderá registrar Lula normalmente como candidato a presidente. A partir daí, uma vez provocado, é que de fato poderá analisar o caso.

Lula é candidato. Ponto.

Alie-se essa garantia constitucional ao fato do ex-presidente aparecer como líder absoluto em todas as pesquisas apresentadas e o resultado é uma probabilidade gigante de termos um candidato do Partido dos Trabalhadores no segundo turno.

A pesquisa CUT/Vox Populi, recém divulgada, mostra inclusive que o ex-presidente ganharia a eleição já no primeiro turno com 39% das intenções de votos.

Mesmo que após o dia 15 de agosto venha a ter a sua candidatura cassada, o seu vice – nesse momento Haddad ou Celso Amorim – seria o “herdeiro” natural de uma grande fatia desse espólio.

De saída, é muito mais do que possui atualmente qualquer outro candidato, seja ele da esquerda, centro ou direita.

Como se vê, a lógica – e os números – apontam que a maneira mais segura para o Brasil voltar a possuir um governo eleito, democrático, progressista e de esquerda é continuar ampliando o apoio à candidatura de Lula.

Fora uma leitura responsável da atual conjuntura, é a promoção de uma justiça que precisa irremediavelmente ser feita ao projeto de poder eleito em 2014 e aos 54 milhões de votos que foram criminosamente rasgados em praça pública.