A desmoralização dos colunistas mãe Dinah que previram a “morte de Lula”. Por Donato

Atualizado em 17 de fevereiro de 2017 às 14:40
Azevedo
Azevedo

 

Estamos a quatro dias de completar um ano desde que Reinaldo Azevedo escreveu: “Lula está morto mas ainda não sabe”. Depois de discorrer sobre a rejeição ao petista representada em uma pesquisa, Azevedo terminava seu texto com um convicto “Lula está morto”.

A bem da verdade ele dizia isso há tempos, desde 2015 pelo menos, quando fazia chacota num programa da rádio Jovem Pan, classificando Lula de morto-vivo, chamando-o de zumbi enquanto tocava o tema do seriado “Walking Dead” ao fundo.

Rodrigo Constantino fazia a mesma profecia: “Esqueçam o risco do ‘volta Lula’ em 2018. O homem está lutando para não ir preso! Está cansado, chamuscado, como Maluf após Celso Pitta”, escreveu.

“Pode ludibriar ainda alguns mentecaptos por aí, mas não seduz as massas do mesmo jeito (…) Lula vai ameaçar com sua volta em 2018? Risos. Que venha! Será derrotado, humilhado.”

Josias de Souza também não via futuro em Lula há um ano e, após os resultados das eleições municipais de 2016, escreveu que a candidatura do petista estava “migrando gradativamente para aquela seção do jornal onde são publicados os avisos fúnebres. Algumas candidaturas já estão mortas, a candidatura do Lula está morta”.

Na última quarta-feira a pesquisa da CNT coloca Lula como vencedor caso as eleições fossem hoje. O petista tem entre 30,5% e 32,8% das intenções de voto no primeiro turno. Quando a tabulação é feita considerando apenas respostas espontâneas, Lula dá uma surra de mais de 10 pontos no segundo colocado (a saber, o inacreditável Jair Bolsonaro).

Candidamente, na edição de hoje da Folha, Azevedo analisa a pesquisa da CNT que triturou sua ‘bola de cristal da lógica elementar’. “Quem me acompanha sabe que não me espanto nem me surpreendo (…) O PT está morto, observei aqui certa feita, ‘como ente de razão’ apenas…”

Não é verdade. RA dava Lula como morto, não o partido apenas.

E depois, mesmo que nunca tivesse dito isso (disse!), Azevedo teria feito a mesma afirmação pois é aderente ao pensamento no qual ‘o PT é Lula, Lula é o PT’. Na coluna de hoje, para se esquivar das afirmações plenas de certeza sobre as chances de Lula em 2018, RA tenta colocar a culpa até na Lava Jato. Pela ‘lógica elementar’ de Azevedo, a operação de Sergio Moro já deveria ter colocado Lula atrás das grades.

Esses “analistas políticos” arriscam palpites sem conhecer o essencial: o povo. Era evidente que mais cedo ou mais tarde a máscara cairia diante dos mais pobres. Desde a destituição de Dilma Rousseff as camadas menos favorecidas só estão vendo direitos evaporarem, programas sociais serem enterrados, os empregos sumirem e a economia — aquela que iria deslanchar — caminhar ainda mais para trás.

A derrocada do PT e infortúnio de Lula só estavam sendo comemorados por uma parcela egocêntrica, alienada, munida de má fé e cega pelo fanatismo que agora vê o zumbi levantar da tumba.

Fez melhor o filho de Bolsonaro. Resolveu tirar a limpo o assunto e lançou uma enquete para seus seguidores nas redes sociais.

“Já que os institutos de pesquisa, por preconceito, não perguntam, pergunto eu: no 2º turno, em quem você votaria para Presidente do Brasil?”, perguntou o filho de Jair, que constava sim nas pesquisas.

Flávio Bolsonaro devia estar desconfiado do resultado da CNT e pretendia fazer uma pesquisa própria, no seu quintal, e depois sair brandindo a ‘verdade’. Deu Lula.