A diversidade da manifestação em Salvador: isso sim é festa da democracia. Por Nathalí Macedo

Atualizado em 30 de maio de 2019 às 19:30
30 de maio em Salvador. Foto: Nathalí Macedo/DCM

A manifestação de hoje em Salvador poderia ser facilmente resumida em uma palavra: diversidade.

Estudantes, professores, movimentos sociais, coletivos independentes, artistas, mulheres, indígenas, quilombolas e LGTBQ – todos estavam unidos em um só grito em defesa da educação.

E é exatamente isso, sabemos, que o governo Bolsonaro e seus fiéis não suportam.

Capitaneados pelo anti-povo, os conservadores têm pavor à democracia.

O ódio sistematizado à diversidade é tamanho que o próprio presidente vetou pessoalmente um comercial do Banco do Brasil – como esquecer? – por conta do elenco diverso.

Mas o Brasil de todos resiste.

Apesar de ter levantado outras pautas importantes além da educação – como Reforma da Previdência e Greve Geral – a menifestação manteve o foco e seguiu organizada em torno do objetivo principal: lutar contra os cortes de verbas nas Universidades públicas.

O que me devolve a esperança mesmo nestes tempos terríveis é perceber que toda a sociedade civil – ou ao menos a parcela que não se deixou cegar pelas correntes do ZAP – atentou-se que a luta pela educação está longe de ser uma questão partidária.

Esta não é uma luta dos professores e estudantes.

Não é uma luta da Universidade.

Não é uma luta das esquerdas.

É uma luta de todos.

Em um país em que um ministro diz que “professores não devem atuar como militantes” e boa parte da população pede menos educação e mais armas, é animador perceber que o verdadeiro povo luta pela Universidade pública – para o Poder Público, antro de balbúrdia – porque compreende que os prejuízos na educação afetam a sociedade em todos os níveis.

Pra quem viu o vexame do último domingo, dia 26, no Farol da Barra, a diferença é gritante.

Lá, uma burguesia decadente de direitistas desinformados gritando contra os próprios direitos.

Aqui, o verdadeiro povo lutando pelo próprio país e pelas próximas gerações.

Isso sim é festa da democracia.

Dia 14 de junho vai ser maior.

30 de maio em Salvador. Foto: Nathalí Macedo/DCM
Nathalí Macedo
Nathalí Macedo, escritora baiana com 15 anos de experiência e 3 livros publicados: As mulheres que possuo (2014), Ser adulta e outras banalidades (2017) e A tragédia política como entretenimento (2023). Doutora em crítica cultural. Escreve, pinta e borda.