A eliminação do Brasil tem ao menos uma vantagem: não ouvir o Tite por um bom tempo. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 6 de julho de 2018 às 19:39

 

Uma vantagem da eliminação do Brasil pela Bélgica na Copa é não ouvir mais o Tite por um bom tempo.

O bom técnico do Brasil é, basicamente, um guru de auto ajuda.

Lembra Sebastião Lazaroni, talvez o precursor desse gênero de treinador, que dirigiu a seleção de 1990.

Lazaroni cunhou expressões pretensiosas inesquecíveis, a principal delas “galgar parâmetros”.

“O aleatório foi cruel demais conosco”, disse Tite depois da derrota.

Ele gosta de repetir um mantra para seus comandados: “Mentalmente forte”.

O resultado é o oposto. 

“A gente tem de estar preparado para tudo, inclusive começar perdendo. A gente se desesperou um pouco e por isso saiu o segundo [gol belga]”, admitiu Renato Augusto.

O Brasil era a única equipe sem psicólogo.

Tite faz esse papel como “coach” — uma dessas picaretagens que não significam coisa alguma, tipo “sustentabilidade”.

Nas coletivas, brindava jornalistas dóceis com baboseiras non sense jamais questionadas.

“Eu usei erradamente o que falei para os atletas, de que a matilha precisa do lobo e o lobo precisa de matilha, mas o conjunto de lobos é alcateia”, falou.

“Entre ter um mau prestígio e mau consciência, prefiro ter mau prestígio. Temos jogo decisivo, esse jogo que decide. Nossa continuidade depende desse jogo”, mandou ver. Sabe Deus o que é mau prestígio.

Também passou a se referir a si mesmo na terceira pessoa, um clássico.

“Quero colocar para toda nação brasileira, estou num posto. No primeiro jogo contra o Equador, o Tite chorou quando acabou o jogo. Repito: Tite chorou”, falou.

“Há o momento, sim, do gelo, da calma, da lucidez, manter padrão. O que é manter padrão? 91 do segundo tempo, você fazer o gol do jeito que a equipe está acostumada a jogar. Isso é manter padrão”.

Tite precisa ouvir o conselho de Nelson Rodrigues aos diretores de teatro: “Seja burro pelo amor de Deus, seja burro”.