
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, trocaram telefones nesta semana em um gesto simbólico de reaproximação diplomática. A iniciativa partiu de Lula, que afirmou, em entrevista à TV Mirante, que os dois estabeleceram “uma via direta de comunicação” para tratar de temas bilaterais sem “intermediários”, após meses de tensões provocadas pela crise do “tarifaço” imposto a produtos brasileiros.
Apesar do tom informal do gesto, a comunicação entre chefes de Estado segue um protocolo específico. Fontes do Itamaraty explicaram que o presidente brasileiro não possui celular particular. O número passado a Trump foi o do embaixador Fernando Igreja, chefe do cerimonial do Planalto, responsável por intermediar ligações. O contato de Trump, por sua vez, também pertence a um assessor próximo do presidente norte-americano.
Assessores presidenciais afirmam que, mesmo em comunicações diretas, as conversas exigem tradutores, já que Lula não fala inglês e Trump não fala português. Em geral, essas ligações ocorrem no Palácio do Planalto ou na residência oficial, o Alvorada, em uma sala reservada para situações diplomáticas, com a presença de intérpretes e ministros envolvidos nos temas tratados.
O telefonema da última segunda-feira (6) foi o primeiro entre Lula e Trump desde a eleição do republicano, em novembro de 2024. Segundo o Itamaraty, a aproximação vinha sendo negociada há meses entre o governo brasileiro e a Casa Branca. O gesto é visto como um passo importante para reconstruir o diálogo entre os dois países, abalado por divergências comerciais e políticas nos primeiros meses do novo governo norte-americano.

Diplomatas avaliam que a disposição de Trump em fornecer um canal de contato é um sinal de interesse político e pessoal em restabelecer uma relação pragmática com o Brasil. Segundo fontes do Palácio do Planalto, Lula busca aproveitar a retomada da comunicação direta para tratar de temas como comércio, meio ambiente e cooperação energética.
As conversas entre os dois líderes devem ocorrer de forma ocasional, sem o rigor dos contatos oficiais, mas sempre acompanhadas por auxiliares diretos. A expectativa no Itamaraty é que a troca de telefones simbolize um novo início nas relações bilaterais, com possibilidade de encontro presencial entre Lula e Trump ainda este ano.