
Um momento.
Que esta estátua do Rei do Pop está fazendo no estádio do Fulham, um clube médio de futebol que fica aqui pertinho de casa?
Não é uma estatuazinha. É uma estatuazona, à altura da lenda de Michael Jackson. Os torcedores ao vê-la ficaram primeiro surpresos e depois, em boa parte, irritados.
Inovação? Provocação? Paixão irrefreável da diretoria do clube por MJ?
Não.
Antes, é a mente de um empresário que não quer perder nada. O dono do Fulham é Mohamed Al Fayed, o magnata egípcio que antes também era proprietário da Harrods, a grande loja de departamentos de Londres. Ele encomendou a estátua para a Harrods. Só que a vendeu antes que a obra ficasse pronta.
Para não desperdiçar o dinheiro investido, ele simplesmente remanejou o local que planejara para o tributo: em vez da Harrods, o Fulham. Em vez de um público familiarizado com as danças e as canções de MJ, torcedores interessados no hino tosco do time.
MJ está na companhia de Johnny Haynes, considerado o maior jogador da história do Fulham. Jogou 18 anos no clube entre 1952 e 1970 e defendeu a seleção inglesa 56 vezes. No verbete da Wikipédia dedicado a Haynes, está dito que Pelé teria dito que se tratava do maior distribuidor de bolas que vira em campo. A estátua de Haynes chama a atenção quando você vai ao Fulham. É tão feia que é bonita. É uma aula de história do futebol: as chuteiras antigas, a bola com gomos, o uniforme sem publicidade.
É difícil imaginar que Michael Jackson vá ficar no estádio do Fulham muito além do tempo em que Al Fayed for o dono. Mas até lá é bom que os torcedores se acostumem com a bizarra mistura de futebol e Michael Jackson.
Quanto aos torcedores incomodados, Al Fayed disse apenas: “Que vão para o inferno”.