
O Planalto passou a agir para esfriar a crise com o Senado depois que o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), subiu o tom e acusou “interferência indevida” do governo Lula (PT) na sabatina de Jorge Messias, indicando que setores do Executivo tentariam associar dificuldades no Congresso à negociação de cargos. Com informações do Globo.
A ordem entre ministros e articuladores políticos é distensionar e evitar uma escalada no atrito. Pouco após a divulgação da nota de Alcolumbre no último domingo (30/11), a ministra Gleisi Hoffmann afirmou nas redes sociais que o governo tem pelo presidente do Senado “o mais alto respeito e reconhecimento”.
Segundo aliados, a estratégia do Planalto é acenar à cúpula do Legislativo e reduzir o clima de confronto criado em torno da indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Temos pelo senador @davialcolumbre o mais alto respeito e reconhecimento. Jamais consideraríamos rebaixar a relação institucional com o presidente do Senado a qualquer espécie de fisiologismo ou negociações de cargos e emendas.
O governo repele tais insinuações, da mesma forma…— Gleisi Hoffmann (@gleisi) November 30, 2025
A escolha de Messias aprofundou o desgaste porque, segundo aliados, Alcolumbre não foi avisado previamente por Lula. Ele preferia o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), nome também visto com simpatia pela maioria dos senadores.
Em sua nota, Alcolumbre afirmou: “É nítida a tentativa de setores do Executivo de criar a falsa impressão, perante a sociedade, de que divergências entre os Poderes são resolvidas por ajuste de interesse fisiológico, com cargos e emendas”.
Risco de derrota no Senado
No Planalto, auxiliares admitem que Messias poderia enfrentar derrota se fosse votado hoje. O calendário definido por Alcolumbre prevê sabatina e decisão em 10 de dezembro, cronograma que integrantes do governo classificam como “armadilha”, por não permitir tempo suficiente para conquistar votos.

Há quem avalie que Alcolumbre estaria vendendo dificuldades para ampliar sua margem de negociação, mas aliados dele negam qualquer barganha por cargos — como a presidência do Banco do Brasil, especulação que circulou nos bastidores.
Alcolumbre também reclamou do fato de Lula ainda não ter enviado a mensagem formal com a indicação de Messias. “Causa perplexidade ao Senado que a mensagem escrita ainda não tenha sido enviada”, disse.
Aliados do presidente afirmam que a demora é estratégica: sem o documento, a Casa precisaria adiar a sabatina, abrindo tempo para novas rodadas de articulação política e evitando uma derrota no plenário.
Para o governo, ganhar tempo pode ser crucial diante das resistências a Messias e da necessidade de assegurar ao menos 41 votos.