A estratégia do governo para evitar saia-justa na reunião de Lula com Trump

Atualizado em 27 de setembro de 2025 às 8:40
Os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e do Brasil, Lula. Foto: Reprodução

O governo brasileiro avalia a forma do primeiro encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, previsto para a próxima semana. Integrantes do Planalto defendem que a reunião seja feita de forma remota, por videoconferência ou telefone, como forma de abrir o diálogo sem exposição direta à imprensa internacional.

Segundo apuração do Estadão/Broadcast, auxiliares de Lula temem que um encontro presencial possa gerar situações desconfortáveis, semelhantes às que já ocorreram com o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, e com o da África do Sul, Cyril Ramaphosa, em ocasiões recentes. A prioridade é evitar constrangimentos diplomáticos logo no início da retomada da relação entre os dois governos.

Do lado estadunidense, a Casa Branca pressiona para que o encontro seja presencial, ainda na próxima semana. Washington seria a sede mais provável, mas a possibilidade de Mar-a-Lago, residência de Trump na Flórida, também está na mesa. Nesse caso, o local poderia oferecer mais privacidade e menos cobertura jornalística, reduzindo riscos de incidentes políticos.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acompanhou o discurso de Lula na Assembleia Geral da ONU. Foto: Reprodução

Membros do governo brasileiro também analisam a alternativa de realizar a reunião em um país neutro, o que diminuiria o impacto simbólico de Lula se deslocar diretamente até os Estados Unidos no primeiro contato com o presidente republicano. A decisão, no entanto, ainda depende de negociações diplomáticas em andamento.

Outro obstáculo é a própria agenda de Lula, considerada apertada para a próxima semana. Na segunda-feira, o presidente participa de uma conferência voltada a políticas para mulheres e deve comparecer à posse de Edson Fachin como novo presidente do Supremo Tribunal Federal. Entre quinta e sexta-feira, terá compromissos em Belém relacionados à preparação da COP30.

Além disso, o governo ainda enfrenta discussões internas sobre mudanças ministeriais e negociações de governabilidade no Congresso. Esse cenário reduz a possibilidade de uma viagem rápida aos Estados Unidos, o que torna a alternativa de um encontro remoto ainda mais viável para o Planalto.