
O PSOL ainda evita cravar uma decisão oficial, mas, nos bastidores, já admite que Guilherme Boulos deve permanecer na Secretaria-Geral da Presidência até o fim do mandato de Lula (PT) e não disputar as eleições de 2026. O plano, segundo dirigentes, é lançar Natália Szermeta, esposa do ministro, como candidata a deputada federal pelo partido, conforme informações do UOL.
A estratégia atende também ao desejo do presidente Lula, que quer manter Boulos no cargo para reforçar a conexão do governo com os movimentos sociais e as bases populares. Lula substituiu Márcio Macêdo, de quem é próximo, justamente para dar maior visibilidade ao novo ministro e fortalecer o contato direto com a população em um momento pré-eleitoral.
A avaliação no Planalto é de que não faria sentido Boulos assumir o ministério e deixá-lo em poucos meses, já que sua presença no governo é vista como um trunfo político na preparação para uma possível campanha de reeleição de Lula em 2026.
PSOL quer segurar capital eleitoral
Dentro do PSOL, há resistência em perder o principal nome do partido em São Paulo. Boulos foi o deputado federal mais votado do estado em 2022, com mais de 1 milhão de votos, e é considerado o candidato ideal da legenda ao Senado. Apesar disso, a cúpula reconhece que a decisão final depende da conjuntura eleitoral e da articulação com Lula.
“Não conseguimos enxergar de forma muito nítida quais são os desenhos que estão se formando em São Paulo. Devido a essa indefinição, acreditamos que é muito cedo para cravar uma candidatura. O Boulos pode aparecer como um candidato viável e, neste cenário, seria muito importante contar com ele”, afirmou a presidente nacional do partido, Paula Coradi.
Enquanto o PSOL não define o cenário, Natália Szermeta desponta como alternativa natural para “herdar” parte do eleitorado do marido. Advogada e militante do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), ela é vista como nome competitivo para disputar uma vaga na Câmara dos Deputados. A sigla, porém, afirma que a decisão caberá ao próprio movimento social.

Sonho da prefeitura e planos futuros
Mesmo com o novo cargo, Boulos mantém vivo o projeto de disputar novamente a Prefeitura de São Paulo, onde já concorreu duas vezes. Aliados acreditam que sua atuação no governo federal, aliada a uma eventual reeleição de Lula, ajudará a consolidar sua imagem entre as camadas populares e abrir caminho para uma candidatura em 2028.
O PSOL, por sua vez, quer manter a força eleitoral conquistada em 2022. Além de Szermeta, o partido aposta em nomes como Erika Hilton (SP), que recebeu 256 mil votos na última eleição e ganhou projeção nacional por defender pautas trabalhistas, como o fim da escala 6×1.
Disputa ao Senado e impasse na aliança
A decisão sobre a candidatura ao Senado em São Paulo passa também por negociações com os partidos da base de Lula (PT, PSB, PCdoB, PDT, Rede e Cidadania). O grupo tenta construir uma frente única para eleger mais parlamentares federais e fortalecer o campo progressista em 2026.
O problema é que a vaga ao Senado é vista como estratégica e deve concentrar disputas internas. O PT ainda considera Fernando Haddad, atual ministro da Fazenda, como principal nome para a disputa, embora o PSB defenda a candidatura do vice-presidente Geraldo Alckmin ou do ministro Márcio França.
Outros nomes também aparecem na lista, como as ministras Marina Silva (Rede), do Meio Ambiente, e Simone Tebet (MDB), do Planejamento, que, apesar de não integrar a aliança formal, poderia contar com apoio de Lula.
O presidente tem incentivado que todos os nomes competitivos da base se lancem às urnas em 2026, especialmente para o Senado, que renovará dois terços das cadeiras. A preocupação do governo é evitar um Congresso ainda mais conservador.